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Amor por Acaso

(Bed & Breakfast: Love is a Happy Accident, EUA, 2010)

Comédia
Direção: Marcio Garcia
Elenco: Dean Cain, Juliana Paes, Bill Engvall, Julian Stone, John Savage, Julia Duffy, Eric Roberts, Marcos Pasquim, Rodrigo Lombardi
Roteiro: Leland Douglas
Duração: 89 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

A vontade de ser americano de Márcio Garcia continua grande. Depois de seu curta-metragem Predileção, que até tem uma ação bem fotografada, mas não acredita que coisas sem cara de Hollywood têm a possibilidade de ser boas, chega aos cinemas o longa Amor Por Acaso, originalmente chamado de Bed & Breakfast, com um elenco majoritariamente estrangeiro e uma história que não tem nada, ou quase nada, de brasileira.

O filme conta a história de Ana, uma jovem brasileira que trabalha como supervisora em uma loja de departamentos e, além de tentar resolver as encrencas de seu irmão inconsequente, herda uma dívida de 500 mil dólares com a morte inesperada de seu pai. Por sorte ela descobre que o pai tinha também uma propriedade em Webster, cidadezinha da Califórnia.

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O problema é que existe uma pessoa morando na casa. Jake acabou de terminar o seu relacionamento com uma atriz de cinema e aproveitando a alta visitação da cidade por conta da área vinícola local, resolveu abrir na propriedade uma espécie de pousada.

Com a ajuda de seu advogado inglês, Ana parte então para os Estados Unidos na esperança de reaver sua casa. Ela pretende vendê-la e, assim, arrecadar algum dinheiro para melhorar sua situação financeira.

O filme tem tantos problemas que é difícil enumerá-los. Os personagens são extremamente superficiais; os diálogos, muito deles preconceituosos, parecem ter sido elaborados sem muito cuidado; a impressão de telefilme não deixa a tela por muito tempo e a previsibilidade da trama não ajuda.

Enquanto a dupla central, interpretada por Dean Cain e Juliana Paes, famosos por seus papéis em programas televisivos, tem a mesma formatação de outros casais típicos de comédias românticas água com açúcar, os personagens coadjuvantes são bem problemáticos. É o caso do irmão de Jake, um policial que passa os dias tomando cerveja; da empregada da pousada, uma imigrante contrariada; do advogado, que tem um jeito afetado, mas é “apenas inglês”; do namorado de Ana, que só sabe repetir a palavra “caracas”, e do gerente da loja onde ela trabalha, um gay ultra caricato.

Outros problemas invadem a parte técnica do filme. A direção de fotografia, apesar de alguns acertos, é muito mais televisiva do que cinematográfica. Falta criatividade à direção de arte, à montagem e há um certo desequilíbrio no som.

Há desequilíbrio no elenco também. Enquanto algumas atuações não comprometem, outras são exageradas e deslocadas.

Com tantas coisas fora do lugar, Amor por Acaso não consegue ser nem o filminho bobo e supostamente despretensioso que se propunha a ser. E causa um certo desconforto pensar que um brasileiro pense que é necessário se passar por americano para fazer algo tão simples. Se estivesse menos preocupado em seguir um modelo tão desgastado, talvez chegasse mais longe.

Um Grande Momento:
Nada que chame atenção, na verdade.

Amor-por-acaso_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Zv1YhfhXETA[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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