Crítica | FestivalMostra de Tiradentes

As Fábulas Negras

(As Fábulas Negras, BRA, 2015)

Terror
Direção: Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano, José Mojica Marins
Elenco: Carol Aragão, Milena Bessa, Walderrama dos Santos, Tiago Ferri, José Mojica Marins, Leonardo Magalhães, Cesar Souza, Ana Carolina Braga, Eldon Gramlich, Daniel Boone, Kika Oliveira, Reginaldo Segundo, Mayra Alarcón, Margareth Galvão, Hugo Firme, Diego Fernandes, Arthur Amaral, Arthur Ferreira, Dora Dadalto, Yasmim Oliveira, Alicia Moreira, Carolina Moreira, Fonzo Squizzo, Elias Aquino, Giovanni Coio
Roteiro: Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano, Cesar Coffin Souza
Duração: 105 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Por mais que não alcance o sucesso de público que mereça, há um cinema de terror acontecendo no Brasil. E seu maior ícone, na atualidade, é o capixaba Rodrigo Aragão. Especialista em maquiagens do gênero, Aragão juntou amigos e conhecidos para fazer seu primeiro filme, Mangue Negro. O longa acabou sendo o primeiro de uma trilogia, composta ainda por A Noite dos Chupacabras e Mar Negro. Agora, com As Fábulas Negras, o diretor dá mais um passo importante rumo ao avanço do gênero no Brasil.

O filme é um coletivo, que reúne nomes importantes do terror Brasileiro. O mais conhecido deles, José Mojica Marins, dirige o segmento O Saci; Petter Baiestorf, conhecido por um cinema mais trash, assina o segmento do lobisomem, e Joel Caetano, o mais novo deles, dirige o episódio A Loira do Banheiro. Capitaneando o projeto, Rodrigo Aragão dirige O Monstro do Esgoto e A Casa da Iara.

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As histórias são interligadas por um dia de brincadeiras entre quatro crianças. Depois de uma desavença entre eles, que causa o fim da brincadeira, eles voltam para casa fazendo pequenas pausas para contar histórias de terror baseadas em folclores e lendas urbanas.

O primeiro episódio, O Monstro do Esgoto é onde se percebe melhor o humor. A história é associada a uma situação bastante comum nos dias de hoje por aqui. Além do texto, a maquiagem de Aragão se destaca. O segundo episódio se baseia em uma lenda mais universal ao falar do lobisomem e remodula sua solução ao associar o monstro a algo que nunca fora associado antes. A maquiagem pesada do lobisomem e o final inesperado agradam.

O terceiro episódio é o do Saci. Um pouco mais prolongado no tempo da ação, com mais falas, talvez seja o episódio menos equilibrado com os demais. Mas tem Mojica na direção – e sua assinatura é muito clara a todo momento – e vivendo o papel do evangélico convocado para resolver o problema.

A Loira do Banheiro é a quarta história contada e é o episódio que apresenta mais equilíbrio, principalmente na construção do suspense. Buscando inspiração em um cinema do gênero mais moderno, como o dos exemplares vindos da Ásia. A preocupação com marcações de cena, trilha sonora e uma supervalorização do susto fazem o episódio ir longe.

Para encerrar a composição coletiva, Rodrigo Aragão reassume o set com a Casa da Iara. A história reformulada daquela que conhecemos, destaca-se pela profundidade com que trata a história. E ganha muitos pontos com a construção de seu monstro, um dos mais impressionantes já realizado pelo diretor, sem nenhuma dúvida.

Ainda que tenha suas irregularidades, As Fábulas Negras é um filme interessante, divertido e que consegue alcançar o seu objetivo. Além de ser um excelente exemplar de um gênero que está vivo no Brasil. E, em toda a sua diversidade, merece ser visto por todos.

Um Grande Momento:
O monstro de Iara.

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[18ª Mostra de Tiradentes]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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