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Virgínia

(Twixt, EUA, 2011)

Terror
Direção: Francis Ford Coppola
Elenco: Val Kilmer, Bruce Dern, Elle Fanning, Ben Chaplin, Joanne Whalley, David Paymer, Anthony Fusco, Alden Ehrenreich, Bruce A. Miroglio, Don Novello, Ryan Simpkins
Roteiro: Francis Ford Coppola
Duração: 84 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Uma coisa é qualquer um chegar, pegar uma câmera e com ela contar uma história de terror. Outra coisa é Francis Ford Coppola fazer a mesma coisa. Por mais cara de filme b que o resultado tenha, há tanto para ser visto que é impossível ficar alheio à experiência.

Logo nos primeiros quadros, as imagens de relíquias esquisitas passando na nossa frente enquanto entramos numa cidade deserta já demonstram que nada vai ser tão óbvio como estamos esperando. Sim, é Coppola! E ele vai experimentar quadros, planos, luzes, cores e, como a maioria dos seus colegas da mesma época, a tão utilizada tecnologia 3D, mas com um gostinho de antigamente.

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O filme conta a história de um escritor de terror meia-boca que precisa superar uma história de seu passado. Ao chegar em uma estranha cidade quase sem habitantes e onde o tempo parece não seguir nenhuma lógica, ele fica intrigado com a história de uma jovem encontrada morta com uma estaca em seu peito.

Alternando entre o mundo real e o onírico, Twixt mexe com o imaginário do espectador ao colocar na tela Edgar Allan Poe ensinando narrativas, fantasmas de um infanticídio e gangues de vampiros que recitam Baudelaire e acaba trazendo à tona uma experiência muito particular do próprio Coppola lembrando a morte de seu filho Gio em um acidente de barco. O tom pesado, porém, é equilibrado com humor e suspense.

Personagens estranhos e por vezes caricatos não faltam, mas interações com o mundo mais próximo do que conhecemos como real, como as conversas via voz sobre ip, acabam sendo problemáticas e têm sua necessidade questionada. A semelhança com velhos episódios de seriados de suspense sobrenatural também talvez funcione mais pela nostalgia do que por sua eficiência em si e acaba datando além da conta o resultado final.

Se há alguns tropeços na concepção e no desenvolvimento do enredo, visualmente o longa agrada completamente. A fotografia do romeno Mihai Maimare Jr, que já trabalhou com Coppola em Velha Juventude e Tetro, é fantástica em qualquer dos dois mundos que retrate. O mesmo pode ser dito da direção de arte elaborada pelo artista plástico Jimmy DiMarcellis, também conhecido como Porous Walker, e a cenografia de Katherine Covell.

O elenco está todo homogêneo e traz Val Kilmer, que anda trabalhando como louco nos últimos anos, na pele do escritor, e Bruce Dern como o xerife da cidade. Elle Fanning é uma jovem fantasma e Ben Chaplin, Poe.

Com cara de descartável, Twixt é uma daquelas surpresas que, mesmo estando entre o bom e o ruim, agrada e oferece ao espectador uma experiência cinematográfica genuína, com som e imagem utilizados com propósitos específicos e resultado final calculado. Coisa rara nos dias de hoje.

O filme integra a mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio 2012.
Próximas sessões:
Dia 7/10, às 15:50 e 22:30, no Estação Vivo Gávea 5
Dia 10/10, às 16:30 e 21:30, no São Luiz 3

Um Grande Momento

Dentro dos sonhos.

Links

IMDb Site Oficial [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=C36Z8TT6WpM[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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