Crítica | Streaming e VoDFestival do Rio

Uma Noite de Crime

(The Purge, EUA/FRA, 2013)

Suspense
Direção: James DeMonaco
Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge, Rhys Wakefield, Tony Oller, Arija Bareikis, Tom Yi, Chris Mulkey, Tisha French, Dana Bunch, Peter Gvozdas
Roteiro: James DeMonaco
Duração: 85 min.
Nota: 5 ★★★★★☆☆☆☆☆

O cinema americano contemporâneo anda tão escasso de boas ideias que, quando surge uma para moldar um filme, nós o encaramos com grande entusiasmo. Melhor ainda quando isso acontece em uma obra de suspense e horror, gêneros guiados por tendências. Segundo longa-metragem do diretor James DeMonaco, Uma Noite de Crime apresenta um argumento promissor comprometido por uma condução frouxa, algo cada vez mais habitual em produções que lidam com um material inédito.

O filme lida com a seguinte premissa: em 2022, a sociedade americana está renascida. Já não há mais violência, os índices de desemprego reduziram e os tempos são prósperos. A lição tirada desse cenário perfeito é a de que é impossível o ser humano deixar aprisionado dentro de si as características que o levam a cometer atos bárbaros. Por causa disso, o governo decidiu criar o programa A Expurgação. Ativado anualmente, A Expurgação dá o direito para qualquer cidadão executar as maiores atrocidades durante doze horas, das 19h às 7h. Aqueles que cometerem um ou mais crimes não serão penalizados. Além do mais, os serviços da polícia e dos bombeiros ficarão suspensos até A Expurgação terminar.

Apoie o Cenas

Patriarca da família Sandin, James (Ethan Hawke) enriqueceu ao criar sistemas de segurança para casas contra as possíveis invasões na noite da A Expurgação. A nova edição acontecerá justamente no dia em que Uma Noite de Crime inicia. Marido de Mary (Lena Headey) e pai de Zoey (Adelaide Kane) e Charlie (Max Burkholder), James assegura a integridade de sua família ao ativar portas e janelas de aço que protegem todas as entradas de sua residência.

Quando A Expurgação tem início, Charlie observa, através de televisores das câmeras de vigilância, um negro gravemente ferido (Edwin Hodge). Sensibilizado pelo pedido de socorro desse estranho perseguido por um grupo de jovens expurgadores, Charlie decide abrir a entrada central para abrigá-lo. James desaprova a decisão do filho e terá de acertar as contas com o líder do bando ávido por sangue, um sujeito educado e ameaçador muito bem interpretado pelo australiano Rhys Wakefield, o protagonista da aventura subaquática Santuário.

Produção mais rentável do verão americano (custou míseros 3 milhões de dólares e faturou mais de 60 milhões de dólares), Uma Noite de Crime garante tensão moderada devido ao frescor de sua premissa. Ao tornar a família Sandin o centro das atenções, a história desenha a linha tênue entre suas boas intenções e os instintos selvagens prestes a entrar em ebulição.

O problema dessa produção, supervisionada pela Platinum Dunes de Michael Bay, está nas escolhas equivocadas para algo que permitia tantas possibilidades. Ao invés de potencializar os efeitos causados pelo programa A Expurgação, o filme se limita a reproduzir os elementos conhecidos de um home invasion banal.

Dentro do cenário limitado, é de causar estranheza que James DeMonaco o retrate como um labirinto gigante em que os personagens se perdem uns dos outros de modo risível. Tendo em seu currículo o roteiro da ótima refilmagem Assalto à 13ª Delegacia (outro filme que confina os seus personagens em um ambiente pequeno), James DeMonaco talvez retorne à boa forma com a sequência já anunciada para Uma Noite de Crime.

Um Grande Momento:
Saudações do líder cortês

Uma-noite-de-crime_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=pazHZyxL2pc[/youtube]

Alex Gonçalves

Alex Gonçalves nasceu em Santo André e não é capaz de vivenciar um instante no automático. Às vezes bem-humorado, às vezes ranzinza, é também alguém que não sobrevive sem seus vícios por cinema, música, leitura, fotografia e Internet. Editor desde 2007 do blog Cine Resenhas.
1 Comentário
Inline Feedbacks
Ver comentário
Bruno Knott
Bruno Knott
04/11/2013 17:30

Belo texto, Alex. Realmente, estamos diante de uma ideia bacana que foi mal aproveitada. Também gostei da atuação do Rhys Wakefield.

Mas não tenho muita vontade de acompanhar a sequência não… só se for muito bem elogiada!

Abraços.

Botão Voltar ao topo