(Spectre, GBR/EUA, 2015)
AçãoDireção: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Monica Bellucci, Ben Whishaw, Naomie Harris, Dave Bautista, Andrew Scott, Rory Kinnear, Jesper Christensen
Roteiro: Ian Fleming (personagens), John Logan, Neal Purvis, Robert Wade, Jez Butterworth
Duração: 148 min.
Nota: 6
Com 007 Contra Spectre, Sam Mendes (Foi Apenas um Sonho) tinha um desafio: superar as expectativas criadas com o último filme da franquia: 007 – Operação Skyfall, também dirigido por ele. Diferente dos outros títulos do agente secreto James Bond, no último longa-metragem, Mendes conseguiu conquistar o público contando uma história inventiva, que volta às origens do espião britânico.
Muito bem distribuído e acabado, com um vilão excelente e a criação eficiente de um passado para um personagem tão clássico, que consegue cativar os fãs da franquia, Skyfall assumiu para muitos o posto de melhor filme da série, superando inclusive 007 Contra Satânico Dr. No, filme que apresentou o agente secreto ao mundo, ou 007 Contra Goldfinger, tido por muitos, até então, como o melhor. Pensar isso em uma franquia com mais de duas dezenas de filmes, sem dúvida, impressiona.
Praticamente com a mesma equipe, 007 Contra Spectre já tinha todo o sucesso do filme anterior a seu desfavor. Nada é mais fácil para estragar um filme do que a alta expectativa criada em torno dele. Na tentativa de recriar mais conexões com o passado e de ser ainda mais impressionante visualmente, fracassa e não consegue chegar lá.
Desta vez, Bond precisa destruir a mente criminosa por trás de todas as mentes criminosas de sua história. O objetivo por trás dos planos de Oberhauser, mal explorado, se perde no meio do caminho e, menos do que um segundo plano, deixa espaço apenas para uma questão pessoal, mal abordada e mal desenvolvida.
O principal problema está no roteiro preguiçoso de John Logan (O Último Samurai), Neal Purvis (007 – O Mundo Não É o Bastante), Robert Wade (Johnny English) e Jez Butterworth (No Limite do Amanhã). São muitas aberturas para assuntos mal amarrados e desinteressantes. Preocupado com as ligações além da ação, o quarteto não consegue desenvolver uma boa história de espionagem com foco no combate ao vilão. Sobram personagens aleatórios, mal aproveitados e pouco pertinentes, e faltam situações de urgência e perigo.
Outro problema grave está na escolha do elenco. Léa Seydoux (Azul É a Cor Mais Quente) vive a paixão da vez de Bond e não está mal, mas não existe absolutamente nenhuma química entre ela e Daniel Craig (Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), o James Bond dos últimos 4 filmes. Este, por acaso, não parece se divertir ou envolver com aquilo que está fazendo, sensação que transparece na tela vez por outra. O vilão vivido por Christoph Waltz (Bastardos Inglórios), talvez por estar sempre tendo que explicar coisas que não fazem muito sentido e não tenham uma história consistente, também não convence.
Mas o filme ainda conta com boas cenas de ação, com algumas, inclusive, que remetem às antigas cenas de filmes anteriores, quando Bond ainda era vivido por Sean Connery. O saudosismo, neste caso, funciona bem. Ainda nesse ponto, há uma sincronia eficiente de efeitos especiais, música e a fotografia frenética que funciona exatamente como deveria.
No final das contas, 007 Contra Spectre é um filme decepcionante para quem acompanha o detetive há tanto tempo ou para quem apenas se encantou com a história no último exemplar da franquia. Até seria um bom filme de ação, se não tivesse tanta pretensão de ser algo mais elaborado e mais inesquecível e se não se levasse tão a sério.
Ah, e não dá para acabar o texto sem falar na abertura do longa-metragem. Investir em Sam Smith, uma das vozes do momento por seu jeito de cantar meloso e cheio de falsetes, foi mais um dos equívocos.
Um Grande Momento
Helicóptero.
Melhor Canção (“Writing’s On The Wall”, de Sam Smith e James Napier)
Links
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