Crítica | Streaming e VoD

As Trapaceiras

(The Hustle, EUA, 2019)

  • Gênero: Comédia
  • Direção: Chris Addison
  • Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning, Dale Launer, Jac Schaeffer
  • Elenco: Rebel Wilson, Anne Hathaway, Timothy Simons, Douggie McMeekin, Casper Christensen, Ingrid Oliver, Nicholas Woodeson
  • Duração: 93 minutos
  • Nota:

Rebel Wilson é uma atriz cujo protagonismo em um filme oscila na balança entre o ame ou odeie: tem que se gostar do estilo dela, meio ogra que aparentemente não se importa em ser gorda e faz piada com tudo carregando no sotaque australiano. Nessa comédia de ação do subgênero heist/golpe, ela emula totalmente essa persona sem nenhum refinamento para fazer o contraponto à personagem exageradamente aristocrática de Anne Hathaway. Uma gatuna, a oscarizada atriz norte-americana empresta seu carisma a esse As Trapaceiras, mas mais serve como escada para Rebel do que exatamente atua ou tenta fazer rir.

Acaba que, involuntariamente, a personificação de Hathaway como Josephine e os sotaques falsos provocam risadas – ela lembra muito Mr. Bean como na sequência em que é a médica alemã -, assim como em todas as cenas em que ela e a Penny de Rebel Wilson armam o golpe. Os clichês se sucedem, mas As Trapaceiras não é uma diversão tão descartável. É possível apostar na roleta e se divertir com algumas gags e uma boa reviravolta no final.

Rebel Wilson

É uma escolha jogar ou não essa partida. Quem lê a sinopse do filme, cheia de adjetivações, já dá vários bocejos e pode optar por não arriscar. Observa: “Uma britânica sedutora e charmosa une forças com uma australiana esperta e divertida para enganar um jovem e ingênuo bilionário do ramo da tecnologia no sul da França.” – e qual seria a surpresa da história, repleta de estereótipos sobre gente magra, gorda, pobre, rica e nerd ter sido escrita por três homens brancos e dirigida por um quarto?

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Ocorre que o reflexo da falta de imaginação e diversidade está hoje impactando o mercado. Custando quase US$ 100 milhões, As Trapaceiras não rendeu nem 27, mas quem sabe no streaming, em meio ao tédio que acomete algumas vezes nessa quarentena, possa ter melhor sorte no jogo da audiência. Ou mesmo que o fã-clube de Rebel Wilson seja grande – ela vem ocupando um espaço que era de Melissa McCarthy como a gorda engraçada, muitas vezes em filmes menos gordofóbicos como Megarrromântico – e aceite qualquer aposta.

Um Grande Momento:
Treino.

Pôster de As Trapaceiras (The Hustler), 2019

Telecine

Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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