A Casa Cinza e as Montanhas Verdes

(A Casa Cinza e as Montanhas Verdes, BRA, 2016)
Ficção
Direção: Deborah Viegas
Roteiro: Deborah Viegas
Duração: 15 min.
Nota: 9

Depois de começar com a conhecida história de como os porcos-espinhos aquecem-se no inverno e de uma imagem desfocada, que remete à partida de alguém, um plano fixo. No quadro, uma ponte de autoestrada, com caminhões barulhentos e carros que passam sem parar e misturam o barulho de suas máquinas aos sons da natureza e seus grilos, pássaros e cachorros.

O cinza daquela ponte contrasta com o verde do lugar, como no título do filme, A Casa Cinza e as Montanhas Verdes, que remete mais ao desejo que se percebe com o desenrolar da história.

As interações entre informações estão presentes em todo o curta-metragem dirigido pela mineira Déborah Viegas, cineasta já premiada com os curtas Kyoto e São Paulo com Daniel (em codireção com Nicolas Thomé Zetune). A composição visual é precisa, sabendo lidar bem com o espectador. Por mais que seja um plano fixo bem aberto (o exato oposto de Kyoto), onde se vê a mesma coisa por alguns minutos, há toda a criação de uma aura de mistério.

A distribuição da ação no quadro é milimetricamente calculada e transfere ao espectador a intenção do filme explicita na sinopse: “um olhar atento à natureza”. O espectador pode passear o olhar, desvendar o ambiente, acompanhar movimentações que ocupam as duas laterais da tela.

A manipulação do tempo também é bastante clara, como se percebe com a duração gasta entre a chegada da primeira pessoa e a entrada em cena da segunda. É como se aquilo fosse se esquecendo diante da exibição de um cotidiano entediante como o de uma estrada. Nada aparece demais e tudo leva um tempo para se revelar.

Isso quando se revela, porque há momentos onde quem comanda a ação é o som. É ele quem determina o que está acontecendo com mais precisão do que a imagem vista. Nesse momento, voltamos ao texto, ao que foi dito mas não visto, e fecha-se o ciclo da narrativa.

A Casa Cinza e as Montanhas Verdes é uma daquelas boas surpresas. Uma ideia simples com significados complexos, que exige muita precisão na sua realização, e não decepciona nem um pouco com o resultado final.

Um Grande Momento:
A luta.

Links

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZZ9zkZWKGbc[/youtube]

Sair da versão mobile