(Ice Age: Dawn of the Dinosaurs, EUA, 2009)
Depois de dois filmes explorando as mudanças climáticas para contar a história de um grupo bem divertido de animais, o diretor brasileiro Carlos Saldanha, responsável pelo segundo filme também, tinha o desafio de criar uma nova história que fosse ao mesmo tempo empolgante, divertida e curiosa.
Entre as ferramentas disponíveis estava o 3D, recurso cada vez mais usado no cinema para levar mais pessoas às salas e dificultar a pirataria, que permite a criação de um visual muito mais emocionante e convive muito bem com animações.
A história, para não parecer requentada, precisava de um toque de tempero e os extintos dinossauros ganham um novo ambiente e são os responsáveis pela nova aventura do mamute Manny, sua companheira Ellie, o tigre dente-de-sabre Diego, a preguiça Sid e o esquilinho elétrico Scrat.
Com a gravidez de Ellie, Diego e Sid começam a achar que não têm mais nada a ver com aquela família. O primeiro resolve recuperar sua bravura e destreza indo caçar sozinho e o segundo resolve adotar três ovos que encontra depois de cair em um buraco no gelo.
Apesar de já conhecermos muito do que vemos ali, a renovação funciona bem e consegue envolver mesmo com a mistura fantasiosa das espécies. Novos personagens como a esquilinha Scratita e a sensacional doninha-rambo Buck são ótimos e acrescentam muito à história.
O 3D também torna a experiência única. Claro que algumas cenas estão lá só para justificar o uso da nova ferramenta, mas em muitos outros momentos notamos a sutileza e a sensibilidade do mesmo uso. Principalmente no aprofundamento do campo visual, como em cavernas e desfiladeiros.
A qualidade da animação melhora a cada título. Cenas como a da primeira perseguição de Diego à gazela ou dos pêlos molhados de Manny são muito bem feitas e claramente superiores às dos filmes anteriores.
O roteiro acompanha a evolução e diverte cada vez mais os espectadores. O único problema é que a idade do público está cada vez mais adiantada. Enquanto os pais morrem de rir com a maioria das piadas, as crianças se divertem mas não reconhecem os temas tratados.
A história do soco no ombro e os seis meses de terapia, por exemplo, só podem ser entendidos pelos mais velhos. O mesmo pode ser dito de muitos outros momentos bem masculinos do filme, como a relação dos casais pelos olhos de um homem e a aventura da paternidade.
A trilha sonora é ótima e mistura vários clássicos dos anos 70 com músicas cantadas pelo elenco de dubladores. A voz de Lou Rawls praticamente abre o filme com a marcante canção “You’ll Never Find Another Love Like Mine” para contar a história dos dois esquilos que se conhecem na briga por uma noz. O casal também aparece em outro grande momento musical do filme quando, em um clipe da música de Gilbert O’Sullivan “Alone again, Naturally”, na voz de Chad Fischer, vemos os dois namorando enquanto uma noz fica de escanteio.
Com todos os elogios feitos, agora vêm os problemas. Um filme que quer fazer rir tem que, obrigatoriamente, ter um trailer muito bem elaborado. É muito chato quando constatamos que todos os melhores momentos do filme já são velhos conhecidos. Acaba a surpresa e, com ela, muito da graça do filme.
Segundo o pequeno Rodrigo, crítico mirim já conhecido daqui, o filme é divertido e tem bons momentos, mas não consegue manter um bom diálogo com os pequenos. Enquanto a experiência do 3D é fantástica, muitos momentos não dizem nada e podem deixar o filme cansativo.
Apesar dos pesares, é uma boa diversão, mas terá um aproveitamento melhor se os vinte anos de idade já tiverem passado há algum tempo.
Daquelas para se ver no cinema, com sonzão, óculos 3D e pipoca.
Um Grande Momento
Uma noz, dois esquilos e “Alone again, naturally”, que apesar de não estar claro para os mais novinhos ou para quem não sabe inglês, é sensacional.
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Infantil/Aventura/Animação
Direção: Carlos Saldanha, Mike Thurmeier
Elenco: Dublagem em inglês: Queen Latifah, Denis Leary, John Leguizamo, Ray Romano, Simon Pegg; Dublagem em português do Brasil: Cláudia Jimenez, Diogo Vilela, Tadeu Mello, Márcio Garcia, Alexandre Moreno
Roteiro: Jason Carter Eaton (história), Michael Berg, Peter Ackerman, Mike Reiss, Yoni Brenner
Duração: 94 min.
Minha nota: 7/10
Nota do Digo: 6/10