A Suprema Felicidade

(A Suprema Felicidade, BRA, 2010)
Drama
Direção: Arnaldo Jabor
Elenco: Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Elke Maravilha , Jayme Matarazzo, Michel Joelsas, Caio Manhente, João Miguel, Maria Flor, Tammy Di Calafiori, Emiliano Queiroz, Maria Luisa Mendonça, Ary Fontoura
Roteiro: Arnaldo Jabor, Ananda Rubinstein
Duração: 125 min.
Nota: 6
“Ninguém é feliz, por sorte dá pra ser alegre”.

Este trecho de diálogo resume de forma sucinta A Suprema Felicidade, retorno de Arnaldo Jabor ao cinema após mais de duas décadas sem rodar um longa-metragem. Irregular em seu conjunto, o filme se sustenta com uma pessoalidade marcada nos fotogramas que o torna irresistível.

Autobiográfica ou não, essa pessoalidade resulta em excessos narrativos, em marcações rígidas de mise-en-scène, em um exercício de controle exacerbado do realizador que parece abraçar o filme como se fosse o primeiro e último. É quase um filme de estreia, no qual toda e qualquer ideia precisa ser aglutinada, trabalhada e retrabalhada. A precisão barroca de cada plano é prova da paixão de Jabor pelo filme, ainda que isso resulte também em seu maior percalço.

Dessa forma, a narrativa invariavelmente perde em leveza e espontaneidade. A jornada do personagem Paulo (interpretado com segurança pelo estreante Jayme Matarazzo), da infância à juventude, é intrincadamente construída, nem que para isso o filme se lance de dispositivos questionáveis, como flashbacks dentro de flashbacks e personagens pontuais que, apesar de darem dimensões humanistas à história, fogem da organicidade que o filme deveria ter, e que o transformam longo em demasia.

Porém, é fácil identificar que o cinema de Jabor é feito à moda antiga, sem espaço para truques modernos de construção imagética. Os planos parecem na medida para uma encenação que remete imediatamente à linguagem tetral, proposital, que dá margem a atuações marcantes (Mariana Lima, como a mãe) ou descontroladas (Dan Stulbach, como o pai). Porém, é Marco Nanini, como o avô Noel, quem traduz com perfeição a concepção do filme. Um personagem riquíssimo que ganha ternura e altivez na atuação do ator.

Em A Suprema Felicidade, há um contraste muito nítido, quase extremado, na forma como são construídos os espaços internos e externos. Enquanto todo o desenlace familiar se desenvolve dentro da casa da família de Paulo, é no espaço externo que a narrativa flui, promovendo um esgarçamento tal da realidade que permite que números musicais sejam inseridos sem qualquer tipo de estranhamento. É nesse momento que Jabor deixa exalar sua paixão, muito nostálgica, por um Rio de Janeiro que quase não existe mais. A encenação do bloco carnavalesco é de uma felicidade que chega a emocionar.

Emoção cheia de descaminhos que inebria essa opereta construída por Jabor que, esperemos, não tarde a voltar a filmar. O cinema brasileiro se ressentia dessa falta.

Um Grande Momento

A encenação do bloco carnavalesco.

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