(La terra y la sombra, COL/FRA/NLD/CHL/BRA, 2015)
DramaDireção: César Augusto Acevedo
Elenco: José Felipe Cárdenas, Haimer Leal, Edison Raigosa, Hilda Ruiz, Marleyda Soto
Roteiro: César Augusto Acevedo
Duração: 97 min.
Nota: 8
Vivemos em uma sociedade que cultiva a invisibilidade das pessoas, onde aqueles que têm dinheiro vão dominando os espaços e deixando aqueles que não têm sem lugar, sem o mínimo para sua existência. Em A Terra e a Sombra, acompanhamos a história de uma família cuja matriarca resolveu combater o sistema imperante e manter o seu espaço, a despeito da invasão de terras.
Neste pequeno espaço, ela vive com seu neto, sua nora e seu filho, que está muito doente por conta das queimadas das imensas plantações de milho que circundam a casa que ela fez questão de manter como sua. O marido, que há muito saiu de casa por não resistir à pressão, retorna para ajudar a cuidar do doente, que já não pode mais se levantar da cama, e da criança, enquanto as duas mulheres continuam na lida.
César Augusto Acevedo, em sua estreia na direção, filma toda aquela realidade com uma sensibilidade e respeito impressionantes, criando com os muitos planos traseiros a sensação de posteridade e impotência, onde se acompanha a história como algo que não pode ser mudado e que transborda realidade. É como se fôssemos fantasmas dentro daquela casa, testemunhas oculares da vida de pessoas que nunca saberão de nossa existência, e não meros receptores de mensagens.
A história é dura e, a despeito do tom contemplativo e das belas imagens, carregada de urgência e desesperança, como se a vida ali estivesse estancada e só pudesse continuar depois do abandono. Uma realidade que embola a boca do estômago e deixa a tristeza da constatação de uma realidade que precisa mudar, mas nada se faz para isso.
O elenco, composto por pessoas da região preparadas pela brasileira Fátima Toledo (Cidade de Deus), é um dos achados do longa-metragem, com destaque para as atuações de Hilda Ruiz e Haimer Leal, como o casal central, e o jovem José Felipe Cárdenas, de apenas 9 anos.
Outra qualidade inegável está na direção de fotografia, assinada por Miguel Schverdfinger (A Demora), que constrói com belíssimos quadros a melancolia de uma história que poderia ser e é a de tantas pessoas no nosso vasto, belo e desigual mundo.
A Terra e a Sombra consegue ser um filme de denúncia social, mas que ao mesmo tempo conta a história de uma família, mesclando muito bem o que acontece dentro daquela casa com o que acontece da porta para fora, o que acontece em um lugar específico e no resto do mundo. Uma história que fala de humanidade e da falta dela.
Um filme que precisa ser assistido por todos.
Um Grande Momento:
O contato físico.
Links
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