Anjos e Demônios

(Angels & Demons, EUA, 2009)

Mais uma vez adaptação. Mais uma vez fracasso. Ainda que o roteiro se baseie em um livro completamente visual e escrito como se pedisse para ser filmado, estilo receita de bolo de Dan Brown, nada funciona em Anjos e Demônios.

Robert Langdon é procurado por um representante do Vaticano para ajudar a localizar quatro cardeais, possíveis sucessores do papa, sequestrados e uma partícula, com alto poder explosivo, roubada de um laboratório onde experimentos são feitos para descobrir a origem do universo.

Com a direção do irregular Ron Howard, que dirigiu também o equivocado Código Da Vinci, o longa cansa a platéia com muito falatório, cenas de ação atropeladas e a constante sensação de que toda a história ficaria muito melhor em uma mini-série.

Muita coisa foi alterada para caber na trama filmada. Alguns arranjos deturparam a história e outros ficaram tão mal amarrados e sem sentido que era melhor não terem existidos. É tanta informação que tudo fica em segundo plano para dar conta de explicar uma história que envolve catolicismo, física, iluminati e a criação do universo. Nem os personagens têm algum destaque. Vittoria Vetra, por exemplo, não precisa estar ali.

O começo é tão corrido que fica difícil compreender o que está realmente acontecendo no laboratório de Vetra. As coisas tem que ser explicadas o tempo todo e essa intervenção causa um certo desconforto na platéia.

Apesar de um bom trabalho de Ewan McGregor (Moulin Rouge) como o carmelengo e de Stellan Skarsgård (Mamma Mia) como o comissário de polícia, o elenco não está nem um pouco equilibrado.

Tom Hanks (Jogos do Poder) está mais canastrão do que nunca. Esquecendo a interpretação já feita da mesma personagem, ele assume outra personalidade para Robert Langdon e, cheio de caras e bocas repetitivas, não consegue se sair bem. Ayelet Zurer (Ponto de Vista), apesar de linda, não disse ao que veio. Claro que a trama volumosa e personagens não delimitadas prejudicaram o trabalho dos atores, que não conseguem trazer muita veracidade às interpretações.

As opções de câmera seguem o padrão tradicional de cenas de ação e quando são mais ousadas, como a respiração de Langdon na piscina, falham e destoam do resto. O som é competente, mas é ofuscado por uma trilha sonora carregada, quase contínua e que, muitas vezes, não combina com a cena que mostra.

Os clichês também dão uma passeada pela tela como, por exemplo, os repórteres dando a notícia em várias línguas ao mesmo tempo. Uma das coisas mais batidas do cinema. As forçações de barra também são difíceis de aturar. Lanternas que aparecem por acaso, salvamentos por bombeiros e a terrível cena no chafariz.

Confuso, corrido, previsível e pasteurizado, Anjos e Demônios frustra e cansa. Não importa se você leu ou não o livro que deu origem ao filme e nem se você é fã de alguns dos atores do elenco, a vontade de sair no meio do filme ou pelo menos ter um controle remoto para parar de vez em quando é grande.

Para mim, um desperdício de dinheiro e de tempo. E mais uma prova de que se Ron Howard acerta de vez em quando é pura sorte.

Um Grande Momento

Quando acaba.

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Ação
Direção: Ron Howard
Elenco: Tom Hanks, Ewan McGregor, Ayelet Zurer, Stellan Skarsgård, Pierfrancesco Favino, Nikolaj Lie Kaas, Armin Mueller-Stahl
Roteiro: Dan Brown (romance), David Koepp, Akiva Goldsman
Duração: 138 min.
Minha nota: 2/10

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