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As cartas de Ouro Preto 2025

A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto é diferente de outros eventos de cinema e audiovisual do país porque se predispõe a pensar em outros aspectos do cinema, levando em consideração a sua história e permanência, tanto pela preservação como pela educação, num exercício anual de pensar concatenado. Para isso, reúne na histórica cidade mineira pesquisadores, historiadores, preservadores, críticos, pensadores, cineastas, estudantes e diversos profissionais em debates, palestras e exibições.

No evento ocorrem o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: Fórum da Rede Kino. São dias de trocas intensas e, ao final de cada edição, são produzidas cartas com resultados e percepções, indicações de desafios e possíveis metas.

Cartas de Ouro Preto - Preservação
Vinícius Terror/Universo Produção Foto: Vinícius Terror/Universo Produção

Fundada na própria CineOP, a Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA), assina a Carta de Ouro Preto – Preservação. No documento, seus integrantes e demais participantes da 20ª edição do Encontro reconhecem os avanços, mas salientam que os desafios permanecem. Tendo em vista a importância da preservação para o ecossistema do audiovisual, destacam a urgência de acesso aos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e de outras fontes de financiamento.

A carta exalta o lançamento do Programa de Preservação do Audiovisual Brasileiro, com a criação da Rede Nacional de Arquivos Brasileiros, porém, ressalta que o projeto precisa de mecanismos efetivos de financiamento, com a inclusão ativa das associações e fóruns representativos do setor na formulação de diretrizes e na estruturação da Rede. O estímulo a ação de formação e à adesão de arquivos comunitários, de movimentos sociais e periféricos, presentes em todas as regiões do país também deve ser observada, diz o texto.

Outras preocupações presentes no documento são a morosidade da regulamentação do VoD pelo Congresso, os riscos dos processos de privatização por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs) em instituições museológicas públicas, entre outras.

Leia a carta do 20º Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros aqui

Cartas de Ouro Preto 2025 - Educação
Vinícius Terror/Universo Produção Foto: Vinícius Terror/Universo Produção

A temática do XVII Fórum da Rede Kino – Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual foi Lugares de memória: acervos e acesso. Foram 116 filmes inscritos e 60 projetos realizados em contextos escolares e comunitários, de cinco países da América Latina: Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e Cuba.

Durante o Encontro da Educação, foram discutidos aspectos relevantes da relação entre memória escolar, constituição e circulação de acervos audiovisuais nos espaços educacionais. Segundo a carta, os acervos audiovisuais podem ser percebidos como territórios de disputa. “A partir de práticas audiovisuais diversas, que vão do cotidiano escolar às experiências de formação comunitária, as experiências apresentadas apontaram o cinema como um ato coletivo e político, uma prática de cuidado com a memória e invenção de mundos”, diz o documento.

A Proposta do Programa Nacional de Cinema na Escola, estruturada em 2024, voltou a ser debatida. A carta da Rede Kino definiu como seu objetivo primeiro a assinatura do decreto de regulamentação da Lei 13.006/2014, que estabelece a obrigatoriedade da exibição de filmes de produção nacional nas escolas de educação básica.

Além disso, tratou da mobilização de acervos e curadorias locais para o lançamento da plataforma Tela Brasil; da regulamentação do Artigo 27 da MP 2.228-1/2001, que prevê o licenciamento de obras audiovisuais realizadas com recursos públicos federais em estabelecimentos de ensino, dez anos após sua primeira exibição comercial; e mais.

Leia a carta do Encontro da Educação: XVII Fórum da Rede Kino aqui

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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