(Até Que a Casa Caia, BRA, 2015)
DramaDireção: Mauro Giuntini
Elenco: Virginia Cavendish, Marat Descartes, Emanuel Lavor, Marisol Ribeiro
Roteiro: Aleksei Abib, Lu Teixeira
Duração: 75 min.
Nota: 4
A ideia por trás de Até Que a Casa Caia é bem interessante: expor as corrupções política e do cidadão comum e tentar quebrar as barreiras entre as duas. Porém, o resultado do filme é aquém do esperado.
O segundo longa-metragem do diretor brasiliense Mauro Giuntini (Simples Mortais) transita entre a comédia, bem marcada na primeira parte, e o drama, que toma conta do filme no final, e tem boas atuações de Marat Descartes (2 Coelhos), Virgínia Cavendish (Califórnia) e Marisol Ribeiro (Obra).
A história contada é a de Rodrigo, um professor dedicado de uma escola caindo aos pedaços de EJA (Educação de Jovens e Adultos), que está na iminência de perder verbas e pode fechar a qualquer momento. Para reverter o quadro, Rodrigo apresenta um projeto a um deputado distrital (já que o filme se passa em Brasília), que se encanta com o trabalho do rapaz e propõe que ele seja seu assessor para viabilizar a aprovação de futuros projetos.
Na vida privada, o professor divide o apartamento com Ciça, sua ex-mulher, já que nenhum dos dois teria condições financeiras de morar sozinhos. A convivência é pacífica e ajuda na criação do filho adolescente Mateus, mas tudo se complica quando Rodrigo arruma uma nova namorada, a ambiciosa Leila.
O roteiro tem problemas sérios na construção e solução dos conflitos. A facilidade com que o professor larga o emprego para assumir um cargo duvidoso, o enfrentamento ao filho quando ele sai do caminho – ação mal trabalhada também de início – e a loucura possessiva da ex-mulher, entre vários outros fatos, não chegam com naturalidade e transformam o filme em um emaranhado de passagens desconexas e pouco construtivas.
Isso sem falar no preconceito com que os personagens são determinados. São muitos estereótipos, como a namorada loira burra e gananciosa, que só quer se dar bem; os políticos todos corruptos; o adolescente que se transforma em um ser sem nenhum limite do dia para noite, e uma mensagem subliminar de que novas estruturas familiares vão sempre ser piores do que a boa, velha e tradicional família composta por pai, mãe e filhinhos.
Apesar de toda a perceptível boa vontade em quebrar as barreiras da corrupção e mostrar que o problema também está dentro de casa e pode atingir qualquer um, Até Que a Casa Caia não resiste a seus tropeços e termina não conseguindo se comunicar de forma clara com o público.
Um pouco mais de objetividade, um cuidado maior na construção dos personagens e da trama, e o desapego a passagens pouco determinantes ajudariam muito.
Um Grande Momento:
Nada tanto assim.
Links
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