Direção: Raoul Ruiz
Elenco: François Margolin, Melvil Poupaud, Raoul Ruiz
Roteiro: Raoul Ruiz
Duração: 50 min.
Nota: 5
(Ballet aquatique, FRA, 2011)
O surrealismo, gênero cujo objetivo não consiste em interpretar o mundo, mas sim transformá-lo, foi consagrado no cinema por nomes como Luís Buñuel e Jean Cocteau no século passado. Embora a influência deste importante movimento estético seja presente em tantos filmes atuais, um cinema exclusivamente surrealista é algo raro nos dias de hoje. Isso faz com que Ballet Aquatique pareça datado.
E não é para menos. O último filme Raúl Ruiz, um dos mais importantes diretores chilenos, morto em 2011, fecha com uma dedicatória a Jean Painlevé, célebre cineasta surrealista francês da primeira metade do século XX. Com mais de 200 obras em sua filmografia, Painlevé se especializou em fundir ciência e fantasia na documentação de animais marinhos.
E é disso que se trata Ballet Aquatique, uma experiência radical voltada à patafísica, a ciência imaginária. Honrando Painlevé, o pseudo-documentário de Ruiz busca discutir por que é tão difícil contar os peixes em um aquário. Homens sentados explicando o inexplicável e imagens marinhas em preto e branco é o que se vê do início ao fim.
Certamente esse formato torna o filme cansativo, mas é preciso considerar que ele não foi feito para agradar. Talvez isso explique o grande número de pessoas que saíram da sala no meio da projeção. Como peça surrealista, Ballet Aquatique funciona bem, mas não exatamente como cinema. Afinal, não é simples transpor a estética de Breton para a sétima arte. Neste ponto, o mestre Buñuel sempre terá muito a ensinar.
Um Grande Momento
O peixe-fantasma.
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