(Bel Ami, EUA, 2012)
Drama
Direção: Declan Donnellan, Nick Ormerod
Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci, Colm Meaney, Philip Glenister, Holliday Grainger, Natalia Tena, James Lance, Anthony Higgins
Roteiro: Guy de Maupassant (romance), Rachel Bennette
Duração: 102 min.
Nota: 5
A França da década de 1890 é ao mesmo tempo sórdida e opulenta, carregada de disputas por poder e fama. É nestes dois ambientes que transita Georges Duroy (Robert Pattinson), um ex-soldado francês e pobre, que frequenta bares menos ortodoxos, mas quer a todo custo sair dessa pobreza e frequentar os fartos salões dos mais nobres e ricos. Sem muita inteligência, ele usa como alavanca para deixar a situação de miséria o seu poder de sedução. Mais precisamente o seu corpo. E ele o usa sem miséria para conquistar as três mulheres mais influentes da sociedade parisiense: Virginie Walters (Kristin Scott Thomas), esposa do editor do jornal “La Vie Française”; Madeleine Forestier (Uma Thurman), esposa do editor do mesmo jornal, e Clotilde (Christina Ricci), ricaça casada que quase não vê o marido.
Duroy vê sua chance de subir de vida quando encontra Charles Forestier (Philip Glenister), que lhe abre as portas de sua casa e de quebra para a alta sociedade parisiense. Ao entrar para a almejada sociedade poderosa, Duroy fica conhecido como Bel Ami e conquista o cargo de jornalista em um dos mais influentes jornais franceses, o “La Vie Française” (em que Charles Forestier é editor), sem precisar ter, necessariamente, talento para isso. Para conseguir o cargo ele só precisou cortejar Virginie Walter. Bel Ami é uma dura crítica àqueles que se utilizam de qualquer artifício para conseguir ascensão social. A adaptação das 400 páginas do romance de Guy de Maupassan, escrito em 1885, se passa em 1890 mas é bem atual; ainda mais aqui no Brasil onde esbarramos sempre com os inúmeros candidatos a 15 minutos de fama recém fabricados por reality shows de diversos tipos e afins.
Bel Ami tem um enredo interessante, mas o contexto político inserido no longa ficou confuso e o tornou cansativo. Apesar de a ideia surgir de um livro, no cinema, isso poderia ter sido facilmente suprimido para dar ritmo à estória. Mesmo dirigido por duas cabeças – Declan Donnellan e Nick Ormerod -, o longa não consegue transmitir o glamour da época em questão. A Paris da década de 1890 podia ter lá seus graves problemas sociais, mas tinha a fama de ser convidativa para os que quisessem embarcar no sonho de ser tornar rico e fazer parte de sua restrita porém respeitada sociedade. A dizer pelo figurino, isso é até alcançado. No entanto, a trilha sonora, apesar de em alguns momentos ser bem desencaixada, dá o tom forte que o filme pede, mas peca no excesso de suspense nos triunfos de Duroy. Trilha mais para filme de terror do que para drama.
A escolha do criticado Robert Pattinson para o papel de Bel Ami também foi uma estratégia para levar ao cinema todas as fãs enlouquecidas da saga Crepúsculo. Estratégica que foi por água abaixo, já que o filme não foi sucesso de bilheteria nem nos EUA, tampouco aqui no Brasil. Pattinson até consegue se distanciar do seu personagem vampiro-pop-brilhante Edward. Mas a duras penas, pois exagera nas caras e bocas, caretas e arqueadas de sobrancelhas nos inúmeros close-ups explorados sem piedade no filme. Em algumas cenas fica difícil saber se Pattinson queria um Georges Duroy demonstrando orgulho, medo, raiva ou uma simples dor de barriga. Salvaram-se as sempre competentes Kristin Scott Thomas (a humilhada Virginie Walters), Uma Thurman (a de fato dominadora e inteligente Madeleine Forestier) e Christina Ricci como a doce Clotilde, alguém que parece ter arrancado um sorriso sincero e quiçá amoroso no rosto anuviado e ganancioso de Duroy.
Totalmente dispensável para o cinema, Bel Ami valeu mais para Pattinson mostrar sua atuação promissora, apesar de ainda um pouco insegura. Esperemos mais detalhes e críticas no seu próximo longa, Cosmópolis, com estreia prevista ainda para este ano. E não vamos culpá-lo pelo fracasso de Bel Ami, porque, de fato, ele é o que menos tem culpa no cartório.
Um Grande Momento
Difícil apontar uma dentre os inúmeros cortes secos, mas Duroy sendo humilhado por Madeleine durante suas investidas à moça é um tanto quanto chocante.
Links
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