(Billi Pig, BRA, 2012)
Comédia
Direção: José Eduardo Belmonte
Elenco: Selton Mello, Grazielli Massafera, Milton Gonçalves, Zezeh Barbosa, Milhem Cortaz, Léa Garcia, Preta Gil, Tadeu Mello, Murilo Grossi, Otávio Muller, Raquel Villar
Roteiro: José Eduardo Belmonte, Ronaldo D’Oxum
Duração: 111 min.
Nota: 5
Em tempos de Cilada.com e Muita Calma Nessa Hora, rever aquele antigo filme de Mazzaropi ou alguma chanchada aleatória de Carlos Manga deixa qualquer um nostálgico, sem falar que faz pensar nessa modernização/”televização” da comédia no cinema. Com o fim dos grandes estúdios nacionais, alguma coisa se perdeu entre aquele caminho trilhado por Grande Otelo, Oscarito, Dercy Gonçalves e companhia e nunca mais foi reencontrado.
José Eduardo Belmonte parece pensar a mesma coisa e, corajosamente, retoma e homenageia aquele antigo estilo de cinema em seu novo Billi Pig. Diretor de personagens complexos e temas duros, Belmonte surpreende com essa sua primeira incursão na comédia, cheia de corre-corre e com direito até a um porquinho de plástico falante.
O filme conta a história de uma bonitona boba que quer fazer sucesso a qualquer preço; o marido malandro que acumula dívidas como dono de uma seguradora de fundo de quintal e o padre picareta que faz dinheiro com a fé da vizinhança. Com a possibilidade de ganhar muito dinheiro fácil, os três se juntam para tentar salvar, via milagre, a filha de um bicheiro/dono de boca.
As boas intenções e a boa história, porém, não são suficientes para fazer o filme funcionar completamente. Talvez falte a ingenuidade das plateias de outros tempos, sobrem cores e personagens secundários, ou a arriscada aposta na dublagem do porquinho quebre o ritmo e irrite muito mais do que agrade.
Ainda que não consiga conquistar completamente o público, o longa tem vários pontos altos e o maior deles talvez seja o trio principal. Selton Mello faz bem o mais do mesmo e, em sua estreia no cinema, Grazi Massafera não compromete. O dono da bola, porém, é mesmo Milton Gonçalves, sensacional como o padre picareta. Seja imitando o jeito de falar dos negros americanos ou tentando se proteger de alguma manifestação sobrenatural, é impossível não se divertir com as cenas de seu personagem.
Outro que rouba cenas é Murilo Grossi, o chefe dos capangas e braço direito do poderoso chefão vivido por Otávio Müller. Este, como era de se esperar, sabe usar seu timing cômico, criando situações divertidas sem muito esforço.
O equilíbrio entre as atuações, que ainda têm as boas participações de Preta Gil como a dona da funerária, Zezeh Barbosa como a mãe do padre e Tadeu Mello como o segundo capanga, não se confirma com todo o elenco de apoio. Sobram alguns exageros, muitos cacoetes e um humor superficial em personagens que não parecem buscar mais do que o riso gratuito.
O roteiro, escrito a quatro mãos por Belmonte e Ronaldo D’Oxum, tem os seus momentos, mas acaba se perdendo na própria correria. Mesclando momentos claramente influenciados pelo antigo cinema popular brasileiro, como a passagem do bar, e apostas mais delirantes, como o sonho do início do filme, Billi Pig se confunde em seus muitos personagens e ações, e por vezes cansa o espectador.
Mas, ainda assim, faz sorrir e não deixa de ser uma bela homenagem ao nosso cinema.
Um Grande Momento
Fingindo ser americano para apostar na partida de futebol.
Links
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