(Boyhood, EUA, 2014)
DramaDireção: Richard Linklater
Elenco: Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Lorelei Linklater, Ethan Hawke, Marco Perella, Jamie Howard, Andrew Villarreal, David Blackwell, Jennifer Griffin
Roteiro: Richard Linklater
Duração: 165 min.
Nota: 8
Com a trilogia iniciada com Antes do Amanhecer, ficou claro que Richard Linklater gosta de contar longas histórias, explorando a influência do passar do tempo, tanto na composição de sua trama, como na resposta percebida em seus atores e respectivas interpretações. Em Boyhood: Da Infância à Juventude isso fica completamente evidente.
O longa-metragem, conta a história de Mason Jr., como diz o subtítulo nacional, desde sua infância até o início da fase adulta. São 12 anos da vida deste personagem e de todo o universo que o circunda. O núcleo familiar, amigos, parentes e colegas de escola. Os atores são os mesmos, sempre.
Os riscos do projeto eram claros. Juridicamente, nos Estados Unidos, é impossível fazer um contrato com duração tão longa e, além disso, qualquer coisa que envolva tantas pessoas e dure tanto tempo, pode ter um contratempo. Linklater, inclusive, combinou com o ator Ethan Hawke (Gattaca – Experiência Genética), que vive o pai de Mason, que este assumiria o projeto, caso o diretor morresse no meio do caminho. Também enfrentou problemas com a escalação da filha para viver a irmã mais velha do protagonista. Depois de alguns anos, ela não queria mais participar do filme e pediu para que sua personagem fosse morta, o que contrariava completamente os planos de seu pai e, claro, não aconteceu.
O filme, também roteirizado por Linklater, tem uma estrutura simples. Acompanhando a história daquela família moderna, consegue despertar o interesse com as coisas comuns da vida, sem valorizar reviravoltas, apelações ou fatalidades. A naturalidade criada com um real passar do tempo, causa uma espécie de familiaridade com os personagens. É fácil acompanhar a tudo o que se vê.
Além disso, as boas atuações, principalmente dos pais, vividos por Patricia Arquette (Ed Wood) e Hawke, aumentam a credibilidade em tudo o que se vê. É incrível ver a manutenção dos personagens mesmo com o passar do tempo e os poucos dias de filmagem que aconteciam em cada período. Sem falar que todos os dramas e dilemas são extremamente comuns tanto àqueles que vivenciam a história quanto aos que a assistem. Os sentimentos e sensações vistos já foram vividos por adolescentes e adultos, pais e filhos ao redor do mundo.
Boyhood é, no final das contas, um projeto arriscado que deu certo e merece todos os elogios que vem recebendo ao redor do mundo. Claro que, até pela extensão do projeto, tem alguns problemas, como atores menos preparados que aparecem ocasionalmente; ou uma insistência em marcar as passagens de tempo com música, ideia abandonada no meio do filme. Mas nada que diminua a força do resultado.
Vale a pena conhecer!
Um Grande Momento:
“O pior dia da minha vida.”
Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette)
Links
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