Cinema catástrofe é tema de curtas brasileiros

“Criar pra mim é como um laboratório, vejo todas as possibilidades”. É com esta fala que o diretor de filmes catástrofe Ademir Di Paula define a simplicidade de “A menina e o gigante” e “Toque de recolher”, dois de seus curtas mais acessados e comentados nas últimas semanas no portal de vídeos Youtube.

O gênero catástrofe é pouco visto nas produções brasileiras. Segundo o crítico de cinema Leonardo Cunha, a razão desta carência é “em parte porque um bom filme catástrofe pede uma grande produção, o que significa custo alto. Este investimento é muito mais fácil em Hollywood. Além disso, trata-se de um tema muito popular entre os americanos, por alguns motivos, como por exemplo, por ser um país geograficamente propenso a grandes desastres naturais, como tornados e terremotos”.

Filmes como “2012“, “O Dia Depois de Amanhã”, “Independence Day” e “Guerra dos Mundos” estão entre alguns exemplos de cine catástrofe, que mistura ficção científica e fantasia ou qualquer outro tema que, com muita ação e tensão, cause pânico nos telespectadores, como extraterrestres, tsunamis e maremotos.

Os curtas de Ademir Di Paula têm todos os ingredientes, mas foram produzidos sem nenhum incentivo. O mais recente, “Toque de Recolher”, mostra a transmissão ao vivo de uma chuva de meteoros em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Especialistas descobrem que os meteoros vêm em direção ao Brasil e o governo ordena o toque de recolher à população. A qualidade e efeitos técnicos do curta é tão boa que alguns espectadores chegaram a achar que a transmissão era verdadeira.

“A menina e o gigante” conta a história de uma menina (vivida pela filha do diretor, Camila Paloma) que acredita que um robô gigante poderá salvar a Terra de uma invasão alienígena. Todo produzido em casa, sem muitos recursos e utilizando apenas um computador simples, o curta foi finalizado em apenas 10 dias. “Às vezes pensamos a cena de uma forma difícil de se fazer, mas na verdade ela pode ser feita de outra forma e ficar melhor. É o profissional que coloca dificuldade nas coisas”, confessa o diretor.

A qualidade técnica dos curtas de Ademir atraiu olhares de outros países, como México e Espanha. Algumas produtoras cogitam a possibilidade de fazer um longa com a história de “A menina e o Gigante”, mas o diretor quer ele mesmo fazer a produção e já prepara uma regravação do curta, “promocional, para ser usada como captação de verbas para o filme”, explica.

Segundo ele, apesar da falta de divulgação dos curtas brasileiros, o cuidado com a produção veio da exigência do público. Para ele, a mensagem que suas produções passam é a de que “brasileiro sabe fazer o cinema que o público quer, basta alguém investir nas pessoas certas”.

Os filmes de Ademir Di Paula podem ser encontrados em seu canal no YouTube.

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