A perda que insiste no espaço vazio de um quarto, o silêncio que grita entre lembranças de riso compartilhado. É ali, no coração de Eden, que Come Closer, de Tom Nesher, encontra seu campo de força. A morte do irmão não é apenas tragédia, é fissura que dilacera cada gesto, cada rua, cada reflexo no espelho. Eden não apenas lamenta, busca no outro, no gesto proibido, em quem já não deveria estar ali, uma respiração que preencha esse vazio.
Essa busca por preenchimento a leva até a namorada secreta do irmão, uma descoberta que se transforma em fuga e confusão de sentimentos, algo entre a paixão e o risco. Come Closer não leva o espectador para nenhum tipo de romance doce, na verdade o empurra para dentro de um território onde o luto se disfarça de obsessão. O olhar dela se curva, a voz embarga, e Eden passa a tatear afetos como se fossem fragmentos de algo ainda vivo. Cada encontro reúne passado e desejo, esperança e angústia.
A fotografia, dividida entre tons que capturam a confusão adolescente e o peso da memória, funciona ora como catarse hormonal, ora como silêncio visual. A trilha sugere o que Eden não ousa dizer, fazendo ecoar o que parece não ser mais possível. O elenco e o diretor constroem um ritmo de aproximações furtivas e tropeços emocionais, até que a direção da dor se confunda com a direção de novos sentimentos.
Ao fim e ao cabo, Come Closer deixa a certeza de Eden não busca consolo, ela quer – e precisa – se reencontra com o que está quebrado. A conexão que se estabelece aqui, tão forte quanto perigosa, não cura e nem apaga, mas dá forma a um sentimento que recusa ser contido. E é nessa recusa que está o poder do filme. O luto não se resolve, a dor não desaparece, mas se encontra em cada olhar ousado, em cada silêncio atravessado, empurrando para que se permaneça perto de algo que nunca mais será o mesmo.
Um grande momento
Se vestindo dele