Comer Rezar Amar

(Eat Pray Love, EUA, 2010)
Drama
Direção: Ryan Murphy
Elenco: Julia Roberts, Billy Crudup, Viola Davis, James Franco, Luca Argentero, Andrea Di Stefano, Richard Jenkins, Javier Bardem, Gita Reddy
Roteiro: Elizabeth Gilbert (livro), Ryan Murphy, Jennifer Salt
Duração: 113 min.
Nota: 5

Adaptação cinematográfica de um livro de sucesso, ancorada numa personagem feminina em busca de autodescobrimento, “Comer Rezar Amar” seria, a princípio, um veículo ideal para Julia Roberts, que perdeu o status que tinha na indústria de Hollywood após relativos fracassos e uma desaceleração no volume de projetos.

A produção orquestrou todos os elementos para que o filme já nascesse bem-sucedido. Locações deslumbrantes, um diretor em alta – Ryan Murphy, criador da telessérie “Glee” –, um competente elenco de apoio e, claro, a presença de Julia. A atriz nitidamente se doa ao papel, ainda que para isso precise recorrer ao seu já conhecido repertório de sedução, abusando dos olhos marejados e da gargalhada sem propósito.

A trama centra-se na personagem Liz Gilbert, que em uma viagem a Bali se consulta com um xamã, que lhe entrega profecias a respeito de seu futuro. Algum tempo depois, algumas delas se concretizam, como o término traumático de seu casamento – Billy Crudup, como o marido, rouba a cena. Após um rápido romance com o ator David Piccolo (James Franco), Liz inicia um período sabático, largando a vida em Nova York para experimentar novos ares na Itália, Índia e, por fim, de volta a Bali, onde finalmente terá seu equilíbrio restabelecido na figura do brasileiro Felipe, encarnado por Javier Bardem falando um português esforçado.

Apesar de o filme ter feito bilheteria decente, não foi o sucesso esperado, muito menos o retorno triunfal da estrela. E o problema é muito fácil de ser identificado: a combinação de comédia dramática com toques de auto-ajuda soa ingênua demais para os dias de hoje. Se tivesse sido feito há quinze anos, a história teria sido outra. Obviamente, o filme carece de um diretor mais experiente, já que Murphy não escapa de uma construção narrativa fragmentada em blocos distintos que, temporalmente, vai perdendo a força, além de uma exibição um pouco gratuita de movimentos de câmera.

Em ‘Comer, Rezar, Amar’, a sensação que fica é que os personagens comem bastante – tema que dá margem para umas das lições de vida mais patéticas da história do cinema recente -, rezam o suficiente, mas o amor, mesmo, quase inexiste. Que Julia tenha mais sorte da próxima vez.

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