(Tideland, CAN/GBR, 2005)
Drama/Fantasia
Direção: Terry Gilliam
Elenco: Jodelle Ferland, Janet McTeer, Brendan Fletcher, Jennifer Tilly, Jeff Bridges
Roteiro: Mitch Cullin (romance), Terry Gilliam, Tony Grisoni
Duração: 120 min.
Minha nota: 6/10
Ouvimos uma jovem menina ler Alice no País das Maravilhas e momentos depois a vemos preparando a próxima dose de heroína para o pai drogado e cuidando dele depois que a droga começa a fazer efeito. É assim que somos convidados por Terry Gilliam a assistir Contraponto.
A dureza das imagens contrasta com as atitudes ingênuas e dedicadas de Jeliza-Rose (Jodelle Ferland) que tem que conviver diariamente com os pais drogados. Depois da morte da mãe (Jennifer Tilly) por overdose de metadona, ela e o pai, Noah (Jeff Bridges), vão para a fazenda abandonada da avó já falecida, onde ele também inicia uma viagem de heroína sem volta.
Para sobreviver à dura realidade, Jeliza-Rose cria um mundo de fantasia onde brinca com cabeças de bonecas separadas do corpo, vagalumes têm nomes e esquilos conversam. Como em um daqueles pesadelos sem muito sentido que temos, vamos acompanhando seus dias nesta nova e suja casa e sua relação com seus estranhos vizinhos: Dell (Janet McTeer), uma estranha mulher cega de um olho e perita em taxidermia, e Dickens (Brendan Fletcher), seu irmão deficiente mental.
Os acontecimentos são os mais bizarros e vão desde o apodrecimento de um cadáver e seu embalsamento ao relacionamento da pequena com Dickens. Todos eles, pelo menos para mim, foram deixando o filme cada vez mais difícil de ser acompanhado e a persistência foi fundamental para conseguir chegar ao final.
A câmera de Nicola Pecorini, por opção tão tumultuada e inquieta como fica a mente de quem acompanha o filme, percorre os dois mundos mostrados e alterna tomadas divertidas e coloridas com movimentos tensos e confusos.
A arte de Jasna Stefanovic, Anastasia Masaro e Sara McCudden e o figurino de Mario Davignon e Delphine White tornam o mundo de Jeliza-Rose ainda mais estranho, maluco e difícil de digerir.
O elenco está muito bem e a pequena Jodelle Ferland consegue ser natural e cativante.
Mas não é um filme que mesmo com várias qualidades consegue conquistar quem o assiste pois além de tratar um tema difícil e de maneira nada sútil, ainda não consegue manter o seu ritmo e chega a cansar com suas repetições.
Segundo o próprio diretor, famoso por criações bem malucas, Contraponto é o encontro de Alice no País das Maravilhas com Psicose e, sem dúvida, essa é a melhor definição para a experiência. E, mesmo depois de acontecimentos grotescos e capazes de embrulhar o estômago de qualquer um, de um jeito meio torto vemos que as crianças conseguem sobreviver aos eventos mais traumáticos com muita imaginação, uma das intenções de Gilliam.
Um programa para curiosos e não tão necessário assim.
Um Grande Momento
Não achei nenhum momento tão grande assim. Talvez a seqüência embaixo d’água.
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