Creed: Nascido para Lutar

(Creed, EUA, 2015)

Drama
Direção: Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Tony Bellew, Ritchie Coster, Graham McTavish
Roteiro: Sylvester Stallone (personagens), Ryan Coogler, Aaron Covington
Duração: 133 min.
Nota: 6

Em uma instituição para menores infratores conhecemos o jovem Adônis, um adolescente que está sempre brigando e faz parte da estatística de órfãos que alterna períodos em orfanatos e prisões juvenis. Um dia, uma senhora aparece e resolve levá-lo para sua casa.

A mulher é Mary Ann Creed, viúva do falecido pai de Adônis, Apollo, que os espectadores já conhecem bem da franquia Rocky. No primeiro filme onde Silvester Stallone interpretava o boxeador, Apollo era seu principal adversário. Em uma luta decidida por pontos, Balboa é o primeiro a derrubar o adversário, que tinha um cartel com 46 vitórias, todas por nocaute, e nenhuma derrota.

Nos filmes seguinte, Apollo também aparece. Em Rocky II como comentarista, em Rocky III como o treinador de Rocky e em Rocky IV, quando morre no ringue em uma luta com o russo Ivan Drago. Voltando ao enredo do primeiro filme, com a criação de um lutador, e ao terceiro, quando Adônis procura Rocky para ser seu treinador, Creed: Nascido para Lutar é um filme feito especialmente para aqueles que conhecem e tem uma certa afetividade com aquele universo.

O diretor Ryan Coogler, que chamou a atenção do mundo com seu primeiro longa-metragem Fruitvalle Station: A Última Parada, começa bem sua história, com boas cenas no centro de detenção juvenil, mas o começo promissor acaba dando lugar para um apanhado de opções comuns e irrelevantes de cena e alguns exageros pouco justificáveis.

O roteiro, escrito por Coogler e Aaron Covington também não está muito distante da mise-en-scène e se deixa contaminar pelo sentimentalismo e por personagens pouco profundos e, por isso, menos interessantes. Além de não conseguir transitar bem entre todos os obstáculos que cria para dar vida à história.

A atuação irregular de Michael B. Jordan (Poder sem Limites), mescla momentos realmente inspirados com outros inseguros e visivelmente desconfortáveis para o ator. Há também um problema com as cenas mais exageradas, onde o diretor parece não ter controle da situação. O mesmo se repete com as duas personagens coadjuvantes, vividas por Tessa Thompson (Selma: Uma Luta pela Igualdade) e Phylicia Rashad (da série televisiva The Cosby Show), esta um pouco melhor, mas com um papel ainda mais deficiente no roteiro.

Mas há Sylvester Stallone para garantir o apego do público ao filme. Em uma atuação surpreendente para os padrões do grandalhão, muito mais solta e verdadeira do que o habitual, Sly domina o filme e, sem dúvida, é o principal responsável por toda a nostalgia causada pelo longa-metragem.

Parece que Stallone está muito confiante ao voltar àquele antigo universo que ele próprio criou e, menos preocupado em mostrar a boa forma aos 70 anos de idade, assume sua idade, o que cai perfeitamente na figura do velho lutador que levou multidões aos cinemas e chegou a ganhar um Oscar de melhor roteiro. Há cenas em que ele está tão à vontade, como a do treino duplo com punching ball, que fica difícil não se encantar com o que se vê.

Cooler parace saber muito bem que é aí que está a força de Creed: Nascido para Lutar e investe bastante nela, falando sobre velhice de um jeito que até seria interessante, se não fossem os muitos problemas com o roteiro. Não existe apego que seja capaz de combater toda a previsibilidade e o descaso com algumas passagens do filme.

Outro problema está na vontade constante de demonstrar que algo pode ser muito mais emocionante e tocante do que é de verdade. Em cenas específicas, como a corrida com as motos ou o presente antes da luta, o que fica é um certo constrangimento, fazendo o oposto do esperado.

Mas o diretor não tinha só Sylvester Stallone na manga, ele também sabe como filmar uma luta de boxe. Embora se atrapalhe um pouco com a passagem de alguns rounds, a tensão explode neste momento, fazendo com que a plateia não só sofra com o que está vendo, como torça por um dos lutadores. A experiência imersiva, bastante auxiliada pelo poderoso desenho de som, é o ponto alto do filme e faz com que os deslizes do filme sejam superados, transformando a experiência em algo realmente interessante.

Um Grande Momento:
A luta final.

Oscar 2016 (indicações)
Melhor Ator Coadjuvante (Sylvester Stallone)

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=661sQScpXJc[/youtube]

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