Custódia

(Jusqu’à la garde, FRA, 2017)

Drama
Direção: Xavier Legrand
Elenco: Léa Drucker, Denis Ménochet, Thomas Gioria, Mathilde Auneveux, Mathieu Saikaly, Florence Janas, Saadia Bentaïeb, Coralie Russier, Jenny Bellay, Martine Vandeville, Jean-Marie Winling, Martine Schambacher, Jean-Claude Leguay
Roteiro: Xavier Legrand
Duração: 93 min.
Nota: 5

Mesmo com a filmografia ainda restrita a dois títulos, um curta e um longa-metragem que contam a mesma história, Xavier Legrand já provou que tem competência para gerar e sustentar uma tensão. Tratando de um tema mais comum do que deveria ser, usando bem as ferramentas estilísticas que tem às mãos, o diretor manipula a suspensão e efetivamente cria um vínculo com o espectador na construção do clima que transporta do real para o fictício, mas vacila na construção de seus personagens.

Custódia, vencedor do prêmio da crítica na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, retoma a história do curta de estreia do diretor, Avant que de tout perdre. Com apenas uma substituição significativa no elenco (o jovem Julien é interpretado agora por Thomas Gioria, excelente no papel), volta-se à angustiante história da família Besson.

O curta-metragem, produção muito baseada em eventos, mas ainda assim mais empenhada em alguma construção metafórica, conta a história da fuga de casa de uma mulher abusada e de seus dois filhos. A perseguição, sempre presente no filme, e a ameaça representada pelo marido opressor, chegam novamente à tela em uma audiência de custódia. A angústia e o medo que estavam presentes em todo o filme anterior, dão lugar a uma certa dubiedade e é justamente nesse tangenciamento que o roteiro, também de Legrand, começa a se perder.

Ao expandir seu campo de exposição e sair do núcleo oprimido para acompanhar o próprio opressor, em momentos, eventos e espaços diferentes, o filme se perde na construção de um personagem pouco crível, que carece de nuances que o humanizem. O retrato maniqueísta do agora protagonista, deslocado do núcleo oprimido que o justificaria, incomoda tanto no desenrolar da trama, quanto no efeito social de denúncia que o diretor busca causar.

Enfraquecido pela constituição de um de seus principais motivos de existir, Custódia ainda se complica com outras inserções pouco justificadas, como passagens que parecem estar no filme apenas para satisfazer algum desejo estético, como a cena do banheiro da escola, ou que não tenham tido o cuidado adequado em sua composição, como o show no aniversário.

Embora conte com alguns bons momentos, principalmente pela expressividade de Gioria, a recuperação só chega mesmo quando Legrand resolve usar sua habilidade na construção da tensão e encerra seu longa com uma demorada e angustiante sequência. Em quase dez minutos, há todo um cuidado de luz, som e construção de tempo, que falta ao resto do filme, mas é suficiente para deixar qualquer um grudado na cadeira, ansioso pelo que está por vir.

Um Grande Momento:

O final.

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