Em uma entrevista cheia de risadas, Quinta Brunson, Sheryl Lee Ralph, Tyler James Williams, Lisa Ann Walter, Chris Perfetti e William Stanford Davis, de Abbott Elementary, conversaram sobre o sucesso da comédia que se tornou um dos retratos mais sensíveis e divertidos da educação pública nos Estados Unidos.
Quinta Brunson, criadora e protagonista da série, contou que esta é a primeira temporada em que todos se sentem completamente à vontade com o ritmo e a dinâmica da série. Segundo ela, o elenco e a equipe de roteiristas finalmente puderam trabalhar sem o peso das urgências dos anos anteriores. “Passamos por muita coisa, greve, incêndios, vida acontecendo, e agora podemos brincar mais, experimentar mais.”
A atriz que dá vida a Janine Teagues explica que o compromisso com o riso e a empatia continua sendo o motor da produção. Abbott Elementary, diz ela, nunca tentou ser uma comédia com mensagem, mas uma comédia sobre a vida. “Nosso primeiro objetivo é fazer rir. Mas queremos mostrar o que está acontecendo nas escolas públicas, com um olhar real. Não é drama, é vida. A gente puxa da realidade e devolve com humor.”
“As pessoas ao redor do mundo se conectam com Abbott. Quando um menino em Gana gritou o nome da série ao me ver, percebi o poder disso. Não é sobre cor, é sobre pessoas”, afirmou Sheryl Lee Ralph, indicada ao Emmy pelo papel da professora Barbara Howard. Para ela, a alegria está em participar de algo que atravessa fronteiras, e o alcance global da série ainda a surpreende.
“A gente está em um ponto em que os personagens sabem quem são, mas ainda se permitem mudar.”, explicou Tyler James Williams, o Gregory, ao comentar que a série encontrou uma nova maturidade sem perder o frescor. Segundo ele, o personagem é um cara que tenta fazer o certo, mas aprende que o certo nem sempre é o mais fácil. “O riso vem do reconhecimento, de se ver ali, mesmo que em situações absurdas”.
“Todo mundo conhece uma Ava, um Gregory, uma Melissa no trabalho”, disse Lisa Ann Walter, que interpreta a carismática Melissa Schemmenti. Para ela, o segredo está na familiaridade. “É quando as pessoas se fantasiam dos personagens no Halloween que a gente entende o alcance. Querem nos ter em casa toda semana.”
Já Chris Perfetti, que vive Jacob, o professor de história, disse que gosta de ver o personagem errando em público e aprendendo com os alunos. “É importante mostrar professores como pessoas que também estão em processo. Jacob é entusiasmado, mas tropeça muito, e é por isso que ele é tão humano. A série me lembra que ensinar é um ato de vulnerabilidade.”
Refletindo sobre o papel de Mr. Johnson, o zelador da escola, William Stanford Davis arrancou risadas dos colegas ao falar de seu personagem. “Ele vê tudo e fala o que pensa. Não tem filtro, mas tem coração. Às vezes é o único adulto sensato naquele caos”, brincou.
Brunson acrescenta que a força da série vem da honestidade e do afeto com que cada personagem é construído. Para ela, Abbott Elementary é mais um trabalho de empatia do que de humor. “A gente escreve com o coração. Mesmo os vilões precisam ser amados por quem os cria. É isso que conecta as pessoas, a verdade emocional por trás da história.”
Ao falar sobre o futuro, Brunson admite que já imagina o fim da série, ainda que de forma vaga. “Abbott virou um ser vivo. Tem o próprio ritmo, respira por conta própria. Eu posso sonhar com o último episódio, talvez um casamento, não sei de quem, mas deixo o show me guiar.”
“Cresci assistindo a reprises. Elas nos dão conforto, companhia. Quero que Abbott Elementary seja isso para alguém, o programa que você liga depois de um dia difícil e faz você sorrir”, finalizou a criadora do programa.
Cinco temporadas depois, o que nasceu como uma sitcom sobre professores segue como um fenômeno sobre humanidade. Um retrato de afeto, cansaço e resistência e, acima de tudo, de alegria.
Abbott Elementary está disponível na Disney+
