(Buried, EUA, 2010)
Drama
Direção: Rodrigo Cortés
Elenco: Ryan Reynolds, José Luis García Pérez, Samantha Mathis, Robert Paterson, Stephen Tobolowsky
Roteiro: Chris Sparling
Duração: 95 min.
Nota: 5
Rodrigo Cortés e Chris Sparling, diretor e roteirista de Enterrado Vivo, merecem elogios por conceberem um filme que se mantém interessante e tenso durante 95 minutos embora se passe inteiramente em um espaço apertado e conte com a presença de uma única pessoa. Porém, por mais que a idéia seja naturalmente intrigante e desafiadora, a produção é sabotada justamente pela direção amadora e pelo roteiro no mínimo irritante. No final das contas, Enterrado Vivo é uma montanha-russa de erros e acertos e, por isso, uma obra frustrante.
Neste filme, Ryan Reynolds é Paul Conroy, um motorista de caminhão que, trabalhando para uma transportadora no Iraque em 2006, certo dia acorda confinado em um caixa de madeira enterrada no deserto. Aos poucos, ele descobre que não foi apenas abandonado para morrer, mas tem na verdade um importante (e simultaneamente insignificante) papel nas mãos de combatentes iraquianos, que deixaram inúmeros acessórios a sua disposição, como um isqueiro, lanternas, lápis, um canivete e um celular.
E então as coisas começam a dar errado. Afinal, por quê, mas por quê o imbecil Paul Conroy não inicia seus pedidos de socorro com um simples “Fui seqüestrado”, optando, ao invés, por burras explicações de meu comboio foi atacado / mas que comboio, senhor? / ah eu estou no Iraque / mas o senhor é soldado, senhor? / não, eu não sou soldado, sou motorista / mas motorista de quê, senhor? / isso importa? eu fui Enterrado Vivo, for Christ Sake!! Assim, é claro que qualquer tentativa de ajuda só acontece quando estamos no segundo ato, o que não muda a parcela de bobagens que inclui as tradicionais ligações transferidas, mensagens de espera, secretárias eletrônicas e pessoas erradas atendendo o telefone.
Mas se o roteiro comete inúmeras bobagens, ao menos merece créditos por funcionar como (mais) um comentário político sobre a guerra do Iraque, trazendo um ponto de vista ainda não explorado, e por escancarar as desprezíveis (e chocantes) guinadas burocráticas das companhias, que fazem de tudo para se desvincular de qualquer efeito colateral.
Por outro lado, a direção não tem qualquer ponto positivo, já que Rodrigo Cortés exagera nos closes que mostram suor, sangue e sujeira e jamais nos permite compreender exatamente a dimensão da caixa quadrada no qual o personagem se está ou mesmo conhecer aquele espaço tão limitado, já que apenas em um momento específico descobrimos que a o caixão é repleto de frestas.
Beneficiado pela performance apenas correta do carismático Ryan Reynolds, Enterrado Vivo é uma oportunidade frustrantemente perdida apenas porque caiu nas mãos erradas, sendo desenvolvida por um roteirista que não sabe como encher lingüiça e por um diretor que não sabe como usar sua câmera – chegando ao absurdo de exibir um travelling vertical que revela o personagem no fundo do que parece ser um poço de dois metros de profundidade, esquecendo-se de usar alguma sombra que limitasse nossa percepção do espaço.
É uma pena que David Fincher estivesse ocupado demais com o filme do Facebook. Porque considerando seu maravilhoso trabalho em Quarto do Pânico, ele poderia ter feito algo estupendo aqui.
Um Bom Momento
Um Bom Momento: A ligação sendo gravada.
Links
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