Direção: Sarah Polley
Elenco: Michelle Williams, Seth Rogen, Luke Kirby, Sarah Silverman, Jennifer Podemski, Diane D’Aquila, Vanessa Coelho, Graham Abbey
Roteiro: Sarah Polley
Duração: 116 min.
Nota: 6
(Take This Waltz, CAN/ESP/JPN, 2011)
Uma coisa interessante na arte é a capacidade subjetiva que ela tem. Quando um autor elabora a sua obra, ele não tem o mínimo controle sobre o que virará para quem entrar em contato com ela. Com o cinema é a mesma coisa. Qualquer filme depende muito da carga emocional de quem o assiste. Assim, o mesmo filme pode ser irrelevante, desprezível ou encantador, dependendo dos olhos de quem veja. Em O Amor e a Paixão isso fica muito claro.
O filme conta a história de Margot, uma jovem aspirante a escritora casada há cinco anos com um chef também escritor. Em uma viagem rápida, ela se apaixona por um desconhecido artista. Dividida entre o amor que sente pelo marido, com quem passa maior parte do dia entre brincadeiras e desgastes, e o interesse pelo novo homem, que parece ser tão perfeito, ela segue tentando resistir a esse novo sentimento.
A sensibilidade de Sarah Polley é fundamental na construção do roteiro, que trata de uma situação bastante corriqueira, ainda que encarada de diversas maneiras mundo afora, e consegue manter uma imparcialidade observadora interessante. Além do roteiro, a também diretora consegue criar imagens fortes o suficiente para ilustrar sua história, mesmo que ainda seja apegada demais a certas ideias e se exceda em durações ou movimentos. Cenas como a do brinquedo ao som do clássico do britpop “Video Killed the Radio Star” ou a da saída da hidroginástica, esta maior do que precisava ser, demonstram essa capacidade que Polley tem de transformar imagens em história e isso não é pouca coisa. Mas o que sobra compromete o resultado final.
O desenho de produção de Mathew Davies, com a direção de arte de Aleksandra Marinkovich e a cenografia de Steve Shewchuk, opta por uma paleta de cores quentes incômoda, o que até seria apropriado, mas não funciona pelo cansaço visual que causa. Sobras de cenas que poderiam ter sido reduzidas na sala de edição e uma quase mania de querer encontrar uma canção que esclareça o momento vivido não ajudam a melhorar a sensação. Além disso, há uma certa repetição de situações que, não fosse a plausibilidade da história geral, diminuiriam a veracidade do que está sendo contado e distanciariam o espectador.
No elenco, a atuação de Michelle Williams se sobressai num papel meigo e apático na mesma medida, como sua personagem pedia, e só é superada pela pequena mas marcante participação de Sarah Silverman, como sua cunhada, uma alcoólica em recuperação.
Técnica à parte, a força de Entre o Amor e a Paixão está em seu conteúdo, que pode ser sentido mesmo que hajam alguns problemas na frente. A familiaridade com o que está sendo contado atinge a todos, seja pelo incômodo do antigo, pela falta do novo ou pela busca a alguma coisa que preencha o impreenchível. Em alguns chega como um soco na boca do estômago e em outros não causa tanto estrago, mas é certo que algum tipo de sentimento vai despertar.
Um Grande Momento
Colher para fazer bolas de melão.
Links
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