(Nugu-ui ttal-do anin Haewon, KOR, 2013)
DramaDireção: Hong Sang-soo
Elenco: Jeong Eun-chae, Lee Seon-gyun, Yoo Joon-sang, Ye Ji-won, Kim Ja-ok, Kim Eui-sung, Jane Birkin
Roteiro: Hong Sang-soo
Duração: 90 min.
Nota: 8
Há muita coisa para falar sobre Filha de Ninguém, o novo filme do cineasta coreano Hong Sang-soo. Pode-se falar da clara influência do cinema francês que o cineasta traz para mais uma de suas obras; da semelhança entre tudo o que ele faz e de seu método de contar histórias; da sua técnica de distanciar ou aproximar os espectadores para esconder ou mostrar aquilo que quer; ou da habilidade com as palavras que, às vezes, preenchem o vazio e, em outras, dão sentido a tudo que se vê.
Independente de tudo isso, mas que obviamente chega influenciada por tudo, está a mensagem do longa-metragem. A realidade da vaziez e da solidão da vida. A finitude não apenas da existência, mas de todas as pequenas e grandes coisas que dela fazem parte. Relações, realidades e momentos que simplesmente deixam de existir.
Logo no começo de Filha de Ninguém, a bela Haewon se despede de sua mãe, que está de mudança para o Canadá, na expectativa de arrumar sua vida. Depois de muita coversa pouco importante, em uma cena bela e tocante, acontece a despedida de verdade. Todo o vazio daquele momento vai acompanhar a jovem durante todo o filme.
Seja na sua relação com o professor, aquele que ela resolve procurar para reafirmar sua importância, mas que, de tão turbulenta, confirma aquela mesma sensação de finitude e ausência; ou na reunião com os colegas da faculdade de cinema, superficial e falsa. Ou mesmo na visita a uma antiga fortaleza de Seul, de certo modo, um símbolo dessa mutabilidade e perda de função.
Filha de Ninguém é cheio de cenas bonitas e de boas divagações sobre a vida. Pequenos detalhes também chamam a atenção, como a participação de Jane Birkin na primeira cena do longa, a nova menção a Beethoven e o livro “A Solidão dos Moribundos”, tão significativo para o sentimento imperante no filme.
A mensagem melancólica entregue por Hong Sang-soo pode até não ser a mais fácil, ou feliz, mas chega de maneira tão natural que é difícil não se envolver. Ora como bisbilhoteiros, ora como participantes, acompanhamos a jornada de Haewon para dentro de si mesma e sabemos que muito do que vemos ali está, na verdade, dentro de todos nós.
Um Grande Momento:
Beethoven na escadaria.
Links
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