Drama
Direção: Ana Lily Amirpour
Elenco: Sheila Vand, Arash Marandi, Marshall Manesh, Mozhan Marnò, Dominic Rains, Rome Shadanloo
Roteiro: Ana Lily Amirpour
Duração: 101 min.
Nota: 7
Muito elogiado pela crítica estadunidense, Garota Sombria Caminha Pela Noite, uma co-produção EUA/Irã lançada em 2014, é sem dúvida mais do que um filme de terror.
A atriz Sheila Vand faz o papel dessa garota que anda pelas ruas de uma cidade fictícia no Irã e Arash é outro jovem que vive igualmente solitário pelas ruas de Bad City. Depois de uma festa a fantasia, os dois se encontram na rua durante a madrugada.
Ele está fantasiado de Drácula, mas não representa mal algum a garota. Ela, por sua vez, usa burca, camiseta listrada e carrega um skate. Por trás do rosto pálido, que parece ter medo daquela situação, está uma vampira implacável, que persegue e ataca pessoas durante a noite. É a partir deste encontro que a história e as vidas dos dois personagens tomarão outros rumos.
Juntos aos protagonistas, outros personagens secundários têm um papel importante na construção do contrassenso, onde o terror cede espaço para o drama, e diversas referências aos filmes de terror e principalmente à cultura pop dos anos 80 estão emaranhadas num contexto banal e intrigante ao mesmo tempo.
Filmado inteiramente em preto e branco, a bela fotografia trabalha bem com os contrastes. Claro e escuro, bom e mal, puro e impuro são sempre explorados de maneira quase explícita em cada cena.
O ritmo de Garota Sombria Caminha pela Noite segue a tradição do tempo de observação típico do cinema iraniano, mas o espaçamento e a lentidão são usados a favor do filme. Em algumas cenas de completo silêncio, é possível identificar o impasse dos personagens diante das decisões que precisam tomar.
A direção é da britânica Ana Lily Amirpour, que assina também o roteiro, e o filme, que estreou em Sundance em 2014, baseia-se em um curta seu de mesmo nome de 2012.
Amirpour utiliza diversas referências em sua obra, como os quadrinhos de Frank Miller e Persepolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud. As características físicas e comportamentais de Arash relembram James Jean, assim como as pausas e closes trazem um quê de Sergio Leone e seus faroestes espaguetes.
São influências distintas e usadas num contexto onde não parecem caber, mas que funcionam muito bem. Porém, a miscelânea de referências não é o fio condutor da história, nem é explorada de forma exibicionista, apenas serve de suporte estético para uma interessante história sobre uma garota sombria que caminha pela noite.
Um Grande Momento:
Quando a Garota encontra um menino na rua,
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