Grace e Frankie

(Grace and Frankie, EUA, 2015)
Comédia
Criador:
Temporada: 1-6
Elenco: Lily Tomlin, Jane Fonda, Sam Waterston, Martin Sheen
Duração média: 30 min.
Canal Netflix
Onde ver: Netflix

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Amigo é nosso herói da solidão, porque também a ele dói saber que ela corrói. Gil já poetizava o tema, e Grace e Frankie, da Netflix, sopra leve e jocoso o que nem precisa ir lá no fundo para franzir a testa, mas que o coração de um bom amigo pode agasalhar.

Ao longo das temporadas a amizade se fortaleceu, saindo de uma convivência forçada pelo dramático destino de serem deixadas pelos maridos (na beira dos 70 anos) para se tornarem sócias e apoio fundamental para lidar com as questões que a velhice começa a apresentar, como o exílio, o preconceito e as questões da saúde.

É muito fácil perceber o quanto o passar do tempo as aproxima, ao passo que expõe o que a evidência da finitude causa no indivíduo moderno (abordado de forma bastante cômica, na série) que é não conseguir aceitar o velho e sua lentidão, seu esquecimento, sua incontinência urinária, seu desejo sexual ou dificuldade de se levantar do vaso. É o processo civilizatório sendo criticado pela amizade quase ativista das protagonistas.

Grace (Jane Fonda) é uma mulher de negócios que curte bons drinks e é bastante vaidosa. Sua personalidade é bastante forte, normalmente consegue o quer. Ao longo das temporadas, concilia carreira, amores e problemas existenciais. Mas é sempre em Frankie que descansa sua mão cansada e a qualquer suspeita de distância da mana a deixa apavorada.

Frankie (Lily Tomlin) é uma artista eterna hippie com alma livre e cabeça aberta. É a acolhedora que sempre tem uma erva para curar ou mantra para mudar a energia. Com seu jeito alternativo, ajuda as pessoas como pode, é a head de inovação minha gente, tem as melhores ideias para resolver os problemas cotidianos que surgem na vida das pessoas. E é em Grace que esquenta suas ilusões.

Seus ex-maridos, Sol (Sam Waterston) e Roberto (Martin Sheen), agora formam um casal maravilhoso. A relação deles é muito gostosa de acompanhar, porque além de parceiros são bons amigos. Existe uma sinceridade e cumplicidade muito bacana, e mesmo com pisadelas na bola, existem evoluções sublimes.

Grace e Frankie é uma exposição crua do envelhecimento, um lindo olhar e jeito de contar que nos insere, nos ensina e nos aproxima por nos apresentar como o processo civilizatório exclui pela limitação de acesso. Isto vai a um ponto que o sistema vai a tal ponto solitário que se tem apenas um ao outro para se apoiar. Só se pode recorrer aos amigos.

Dá para ser amigo de muita gente: dos business, dos hippies, dos ex, de quem já foi, de quem ainda vai. Amizade é ilimitar, é bons drinks, é curar (com ervas ou rezas), é acolher, é descansar, é evoluir, é lutar, é salvar. Amigo é herói da dor da solidão!

Oh meu amigo, meu herói
Oh como dói saber que a ti também corrói
A dor da solidão
Oh meu amado, minha luz
Descansa tua mão cansada sobre a minha
Sobre a minha mão

Gilberto Gil

Aos meus amigos, meus heróis.

O Melhor Episódio
T03E13: O Sinal

Ver Grace e Frankie na Netflix

Série em Cenas

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