Gran Torino

( Gran Torino, EUA/AUS, 2008) 

Drama

Direção
: Clint Eastwood

Elenco: Clint Eastwood, Christopher Carley, Bee Vang, Ahney Her, Brian Haley, Geraldine Hughes, Brian Howe, John Carroll Lynn, William Hill

Roteiro: Nick Shenk, Dave Johannson

Duração: 116 min.

Minha nota: 7/10

Conheci Clint Eastwood quando ainda bem nova em dois filmes que não cansavam de repetir na Sessão da Tarde: “Bronco Billy” e “Doido para Brigar… Louco Para Amar”. Apesar de não ser muito fã dos títulos, de vez em quando eu parava para dar uma olhada.

Algum tempo mais tarde fui conhecer o famoso e durão inspetor Harry Callaham, o Dirty Harry. Lembro que achava aquela figura tão ranzinza e complicada que não conseguia imagina-la velha. Mas isso ficou para trás.

Clint continuou mudando e recorrendo vez ou outra aos filmes de ação, mas construindo personagens mais complexos e completos com o passar do tempo. Robert Kincaid (As Pontes de Madison), Frank Corvin (Cowboys do Espaço) e Frankie Dunn (Menina de Ouro) são bons exemplos disso.

Mas nada se compara ao aperfeiçoamento do bom e velho Clint em suas direções. Deixando marcas registradas em todos os filmes assinados por ele, o velho cowboy construiu uma carreira que faz inveja tanto por seu apuro visual, quanto pela profundidade dos temas tratados.

Em Gran Torino, o ator/diretor/roteirista/produtor/compositor Clint Eastwood parece reunir tudo em um só filme. Aqui ele volta e traz consigo toda a bagagem que suas atuações lhe ensinaram e, mesmo que tenha alguns erros, seu crescimento como aquele que comanda as gravações.

Walt Kowalski é um viúvo amargurado e sozinho que traz dentro de si muita coisa negativa. Ultra-americano, ele despreza todos aqueles que são diferentes dele, sejam eles negros ou asiáticos. Também faz questão de demonstrar quando não quer estar perto de alguém, quase não sabe quem são seus filhos e netos e não admite que os costumes tenham mudado tanto. Também despreza a religião e tem problemas para aceitar a própria velhice.

As coisas começam a mudar em sua vida quando seu vizinho, descendente de chineses, tenta roubar seu maior tesouro, um Ford Gran Torino 72.

Ainda que lembre muito Dirty Harry (até mesmo em seu jeito de falar e no comportamento em cena), muita coisa pode ser reconhecida como exclusiva do calejado veterano de guerra Kowalski.

Muito mais do que um grande drama, o filme retrata em seu personagem principal um país que de tão ultrapassado parece ter ficado perdido na história, que nunca aprendeu a respeitar as muitas etnias que o construiram e nem consegue conviver de igual para igual com aqueles que são mais próximos. Essa falta de comunicação, rosnados esporádicos, o isolamento e a companhia constante de armas do começo do filme me lembraram muito dos velhos Estados Unidos da América.

Ou seja, Eastwood trouxe de volta, em um mesmo filme, a sua imagem e suas críticas à realidade que conhece. Mesmo que seja batido, mesmo que seja parecido com algo que já vimos antes, parece que o diretor se permitiu ter a despedida que merecia.

Mas mesmo com a mão firme e um bom roteiro, alguns detalhes são muito incomodos. A fixação estadunidense em inserir clipes musicais no meio de filmes é um problema que já passou da hora de ser superado. Esta sequência, em especial, é completamente desnecessária. Um outro problema grave é deixar com que expressões de raiva tenham uma naturalidade que nunca consegue chegar perto de algo natural, como a cena de Thao no porão.

A trilha sonora, desta vez assinada pelo filho do diretor, Kyle Eastwood, e Michael Stevens, também não parece tão bem ajustada com o filme e alterna entre o exagero, o incômodo e o normal, nunca chegando a ser boa.

Alguns enquadramentos também não foram tão interessantes. Mas com a fotografia nas mãos do experiente Tom Stern (Cartas de Iwo Jima, A Troca, Sobre Meninos e Lobos) é impossível ficarmos sem pelo menos uma cena que marque o filme, como a de Kowalski na penumbra depois de se machucar.

Do elenco, além de Clint, merecem destaque a estreante Ahney Her (Sue) e Christopher Carley (Padre J) que impressionam pela naturalidade. Chee Tao, a avó, também é uma figura.

E o filme é assim, cheio de diálogos afiadíssimos, altos e baixos, personagens marcantes e uma história bem interessante. Embora divida o público, mais conquista do que desagrada.

Uma bela despedida para um ator que deu vida a figuras marcantes do cinema.

Um Grande Momento

A chegada dos netos.

Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)

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