Comédia
Direção: Tanya Wexler
Elenco: Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaal, Jonathan Pryce, Felicity Jones, Rupert Everett, Ashley Jensen, Sheridan Smith, Gemma Jones, Elisabet Johannesdottir
Roteiro: Howard Gensler (história original), Stephen Dyer, Jonah Lisa Dyer
Duração: 100 min.
Nota: 5
Quando se opta por assistir a um filme que conta a história do aparato sexual mais popular da atualidade, espera-se pelo menos duas coisas: nenhum constrangimento ao tratar do assunto sexo e alguma coisa, no mínimo, empolgante. Mas não é o que se encontra no longa Histeria. Ainda que tente ser moderninho e descolado, o filme não convence nem como comédia romântica e nem como o resgate histórico importante que poderia ser na conquista dos direitos das mulheres.
Baseando-se em fatos reais, o filme conta a história de Mortimer Granville, um médico que descobre os benefícios dos estímulos elétricos para o alívio da dor em lesões musculares e desenvolve um aparelho com a vibração adequada. Nesta mesma época, qualquer transtorno feminino de fundo emocional ou até sentimentos mais comuns, como desejo, raiva e tristeza, recebia o diagnóstico de histeria. O tratamento para a doença era um revolucionário método de massagem clitoriana, que levava ao paroxismo (não se considerava naqueles tempos que a mulher pudesse chegar ao orgasmo, mas ela alcançava o paroxismo) e minimizava as manifestações da moléstia. Os médicos responsáveis por tais massagens acabavam apresentando lesões por esforço repetitivo, mas a nova invenção do Dr. Granville viria para salvá-los.
Roubando um pouquinho a história real, o roteiro de Stephen e Jonah Lisa Dyer coloca o próprio médico inventor em contato com o tratamento da histeria. Depois de vagar de hospital em hospital por não concordar com os métodos pouco higiênicos de seus empregadores, Granville vai parar em uma clínica de estética feminina, onde o Dr. Robert Dalrymple trata as madames da cidade, e vira seu assistente. Trabalhando e morando lá, ele passa a conviver também com as duas filhas do médico, a doce e quieta Emily e a espevitada e revolucionária Charlotte.
A profusão de tramas e motivações paralelas prejudica o resultado final. Mal explorados e perdidos no meio da narrativa estão temas importantes como a diferença entre as classes sociais ou a posição da mulher na sociedade da época. O mesmo pode ser dito da história romântica com a filha caçula do médico, do julgamento, das investidas da empregada que deixou de trabalhar nas ruas, ou mesmo das conversas na festa de noivado. Tudo isso pela péssima ideia de colocar muita coisa para contar uma história que poderia ser simples e mais cativante.
O pouco interesse do público só não é maior pelo excelente trabalho do elenco. Mesmo com uma participação esquisita de Felicity Jones como a filha quietinha, não há o que se falar das atuações de Hugh Dancy como o médico inventor, Jonathan Pryce como seu chefe e Maggie Gyllenhaal como a filha rebelde. Aliás, são dela os momentos mais inspirados, ainda que o roteiro não ajude, com muito falatório e um tom artificial. A recriação da Londres da segunda metade do Século XIX pela desenhista de produção Sophie Becher, com direção de arte de Bill Crutcher e cenografia Charlotte Watts, e pelos figurinos de Nic Ede também impressiona.
Infelizmente, a sensação que fica ao fim da projeção, quando já mal se lembra das risadas dadas ou da torcida pelo casal (se existiu), é a de que havia bastante coisa para se falar, mas muito pouco foi dito. Histeria carece de tensão, de energia e de ritmo. Num filme sobre vibradores, isso é grave. Bem grave.
Um Grande Momento
Os depoimentos no início do filme.
Links
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