Drama, Crime, Mistério
Criador: Alex Gansa, Howard Gordon
Temporada: 8
Elenco: Claire Danes, Mandy Patinkin, Damian Lewis,
Duração média: 55 min.
Canal
[/box-novo]
O pano de fundo se trata da exposição nua da aplicação das tecnologias mais evoluídas (do ponto de vista funcional e instrumental) do poder da disciplina como poder de soberania numa instância normalizadora, e a paranoia como a principal força propulsora disto tudo (seja no âmbito mundial ou individual). O primeiro plano é uma maluca (uma das melhores já construídas e interpretadas de todos os tempos em séries) que sempre salva geral de tragédias porque pensou e agiu diferente de tudo. Homeland na GloboPlay mostra a dualidade entre questionar o poder e quebrar regras para que seja mantido.
Após o 11 de setembro os EUA criaram um serviço especial na CIA que faz espionagem e “intervenções” para garantir que não haja terroristas em solo americano. A série aborda este programa de uma forma bem profunda, apontando sua relação com o governo, com o poder político de outros países e sobretudo a forma como se dá as invasões e ações em solo estrangeiro, sobretudo no Oriente Médio.
Carry (Claire Danes) é uma das melhores personagens (e uma das mais premiadas) de série até hoje. Agente da CIA que dedica sua vida exclusivamente para o trabalho, sofre de transtorno bipolar que quando não medicada (e em vários momento a ela deliberadamente deixa de tomar o remédio) tem alucinações, alterações de humor e obsessão, e é nessa hora que a gata brilha! Claro que é sempre assim que ela sofre também, o que escancara a genialidade da atriz, da personagem e do roteiro. Com o passar das temporadas ela se torna ainda melhor, ela aprende a lidar com seu jeito de ser (de certa forma), e os mais próximos também começam a saber usar melhor essa gênia.
A série tem 8 temporadas, então é ótima para maratonar e tem muitos personagens para criar conflito ou se apegar. Tudo começa na era Brody (Damian Lewis) que gera toda uma tensão sobre o personagem e sua lealdade. Depois vem “Carry muito louca” (minha época preferida) que aprofunda a crítica sobre a violência e da um destaque ainda maior no protagonismo da bipolaridade e da paranoia que deu outro sabor para tudo. Na sequência veio uma época de “Carry normal” que mostrou uma versatilidade do roteiro e como tem terrorista em todo lugar deste mundão, e por último “Carry madurona” com uma leitura muito mais política dos fatos e dos sintomas psíquicos.
Michel Foucault em O Poder Psiquiátrico (vale demais a leitura, é um livro que saiu de um curso que ele deu, genial!) tem uma abordagem bem interessante sobre o espaço do asilo, o poder disciplinar e soberania, é muito bacana ver como a série toca nesses assuntos, ao longo das temporadas com esta ótica, mostra o quanto é inevitável uma ação totalmente contraditória ao que se prega (do ponto de vista normalizador e disciplinar) quando se fala do poder do Estado, mas quando se vai para o indivíduo o que se cobra é que se tenha um comportamento normalizado para que não se mantenha em asilo. E tudo isto para que se tenha soberania, seja individual, seja nacional.
Pire junto com a Carry! Pode se jogar nessa que talvez seja uma das melhores, e que mostra o quanto os malucos são os que podem salvar todos e como todos querem prender os malucos, enquanto a maluquice mesmo é todo mundo brigar e explodir tudo o tempo todo.
O Melhor Episódio
T04E07 – Ressuscitado (para mim, o melhor episódio da história de todas as séries)