(Idiocracy, EUA, 2006)
Impressionante a quantidade de lixo que é lançada em um ano no cinema. Em 2009 não vai ser diferente, principalmente se tomarmos como base esses quatro primeiros meses. São raras as idas ao cinema que realmente valem a pena.
Em uma época de crise cinematográfica estadunidense (aquele mais presente há anos em nosso mercado), as salas são dominadas por adaptações de quadrinhos, jogos e livros de auto-ajuda e por sequências, continuações e prólogos de histórias que já estão esgotadas a muito tempo.
A busca por sucesso é tanta que levantamentos são feitos para saber quais foram os filmes que levaram muita gente ao cinema e aqueles produzidos fora dos EUA que tiveram um público significativo. E dá-lhe refilmagem sem criatividade e relançamento de heróis antigos da telona.
O bom deste outro fator de declínio do império abre espaço para muita gente boa que vive à sombra de uma máquina grande demais para se ter como concorrente. Filmes independentes se fazem mais presentes, muita coisa boa é feita a quilômetros de distância das terras do Tio Sam e críticas ao sistema aparecem de vez em quando.
Mas, ainda assim, o público continua pagando para ver filmes com numerais no final e histórias replicadas, pois ainda não existe tanta produção diferente assim para se ver. E, vez por outra, aparece um título que valha a pena, mesmo se recheado de clichês.
A crise do cinema é um dos temas tratados na comédia escrachada Idiocracy, que usa o seu próprio e divertido veneno para derrubar tudo que existe e acontece em um país quase em coma, sem futuro e comandado por idiotas, mas que ainda assim é a maior potência do mundo.
O filme dentro do filme de Idiocracy é o maior sucesso nacional nos cinemas do futuro, se chama Bunda (Ass) e está em cartaz há muito tempo levando a inutilidade para as pessoas. No mais, a história contada é a de um cara comum que participa de um projeto esquecido de hibernação. Ao acordar, em 2505, ele tem que se adaptar a uma nova realidade.
As principais características da nação filmada são a ignorância geral da população, instituições falidas, o domínio da sociedade pelo capital mesmo que prejudicial à vida, muitas armas, muito lixo, nenhuma natureza e um dirigente completamente imbecil, abobalhado e burro.
Embora tudo esteja vestido de ficção e de um futuro distante, sabemos que este caminho já começou a ser percorrido e explorado por nossos vizinhos de cima.
É justamente por seu poder de crítica que Idiocracia ganha o público. Os questionamentos são ótimos, mas muito tristes, mesmo que nos façam rir.
Embora reconheçamos alguns elementos, este não é exatemente o tipo de comédia que costumamos ver. Suas piadas fáceis e seu escracho vão muito além do riso pelo riso, sem justificativa e utilidade, que impera quase absoluto no gênero.
O elenco está ótimo e Luke Wilson (Minha Super Ex-Namorada) está muito bem como o perdido Joe Bauers. Outro destaque, sem dúvida nenhuma é Terry Crews (As Branquelas), como o presidente Camacho. Uma comédia!
A criação do local mistura elemento de vários filmes futurísticos e aposta em um visual bem colorido e tumultuado.
Claro que o filme não tem só qualidades. O roteiro vacila em alguns momentos e algumas repetições são injustificadas. Embora o tom caricatural seja proposital, alguns atores tornam as piadas cansativa.
Mas ainda é uma boa crítica.
Um Grande Momento
Saindo da prisão
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Comédia
Direção: Mike Judge
Elenco: Luke Wilson, Maya Rudolph, Dax Shepard, Terry Crews, Justin Long, David Herman, Andrew Wilson, Kevin McAfee, Christopher Ryan, Brendan Hill, Thomas Haden Church
Roteiro: Mike Judge, Etan Cohen
Duração: 84 min.
Minha nota: 7/10