Leon Cakoff, o heróico criador da Mostra

Foto de Alisson Louback

Hoje, 14 de outubro de 2011, o cinema perdeu para o câncer. Leon Cakoff, o homem por trás da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, deixou cinéfilos paulistas e brasileiros órfãos, vítima de complicações decorrentes de um melanoma, doença que enfrentava desde 2002.

Cakoff não foi só o criador da Mostra, nome como o evento ficou conhecido entre seus participantes, mas também seu ferrenho defensor. Teve uma vida dedicada ao cinema, lutou contra a censura e se manteve fiel e perseverante ao seu sonho de realizar um dos mais importantes eventos cinematográficos do mundo no Brasil, algo que parecia tão improvável quando tudo começou em 1977. Foi o ano da 1º Mostra Internacional de Cinema, que contou com um pequeno público pouco acostumado a cinematografias distantes, além de uma ditadura militar repressora e pouco afeita a manifestações culturais independentes.

Nos primeiros anos do evento Cakoff enfrentou o fechamento de salas pela censura, instituiu um democrático júri popular e trouxe filmes até em malas diplomáticas para conseguir exibir obras inéditas no Brasil. Nos apresentou ainda a cineastas que não teríamos tomado conhecimento no país sem a sua intervenção, como Manoel de Oliveira, Amos Gitai, Abbas Kiarostami, Alexander Sokurov, Béla Tarr, Theo Angelopoulos, entre outros.

A Mostra cresceu, adquiriu prestígio. Importantes personalidades marcaram a sua participação no evento, como Quentin Tarantino, Wim Wenders, Emir Kusturica, Dennis Hopper e tantos outros. Vieram as filas, as disputas por ingressos, visitantes de várias partes do país dispostos a enfrentar uma verdadeira maratona cinematográfica no mês de outubro. E agora, às vésperas do início da 35ª edição do evento, Leon Cakoff nos deixa com a sensação de dever cumprido.

Por tudo isso e por seu importantíssimo legado aos amantes da sétima arte e à cultura brasileira, o Cenas de Cinema presta uma sincera homenagem ao homem que ajudou a formar gerações de cinéfilos e nos ajudou a conhecer e amar ainda mais o cinema do mundo todo em suas mais diversas manifestações.

Leon Cakoff
1948-2011

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