Malasartes e o Duelo com a Morte

(Malasartes e o Duelo com a Morte, BRA, 2017)
Comédia
Direção: Paulo Morelli
Elenco: Jesuíta Barbosa, Júlio Andrade, Isis Valverde, Milhem Cortaz, Augusto Madeira, Leandro Hassum, Vera Holtz, Luciana Paes, Julia Ianina, Lima Duarte
Roteiro: Paulo Morelli
Duração: 110 min.
Nota: 5

Figura folclórica nacional, Pedro Malasartes é aquele caipira que, depois de passado para trás por seus irmãos, resolve sair aplicando golpes por aí e se encrenca todo. A primeira vez que ele chegou aos cinemas foi em 1960, vivido por Amácio Mazzaropi, no filme As Aventuras de Pedro Malasartes, e agora retorna às telonas em adaptação que oscila entre o deslumbramento visual e a história simples que conta.

Malasartes e o Duelo com a Morte, produzido pela O2 Play, com direção de Paulo Morelli (Entre Nós), vai buscar na força do regionalismo – algo não inesperado sabendo-se que um dos filmes nacionais mais queridos das novas gerações é O Auto da Compadecida, derivado de telessérie da Globo – o seu motivo de existir. Embora não invista na atualização da história que conta, não poupa esforços em criar, usando muita computação gráfica, parte do universo onde ela acontecerá. Embora agrade os olhos, o estranhamento causado por essas duas realidades é incômodo, assim como a clara tentativa de privilegiar um em detrimento do outro.

Diferente do filme baseado na obra de Ariano Suassuna, mesmo com todas as piadas e efeitos, o tom do filme tem um tom tedioso, que compromete toda sua introdução e, apesar de conseguir ser superado antes do início do segundo ato, volta e meia reaparece no filme. É como se aqui o charme do antigo não fosse tão atraente quando combinado com a concepção estética da fantasia por trás da história.

Mesmo contando com atuações excelentes de Jesuíta Barbosa (Tatuagem), como Malasartes, e Júlio Andrade (Sob Pressão), como seu padrinho a Morte, o longa-metragem carece de uma continuidade de ação, sempre tropeçando, seja em passagens longas demais para a confirmação de sua capacidade técnica, seja em piadas fora do tempo. Há também passagens rápidas, onde a ação acaba sendo relegada ao interesse de um humor pouco eficiente.

Outro incômodo está no mal-aproveitamento de bons atores, que se repetem em gritos e cacoetes para apoiar os personagens principais, muitas vezes aparecendo – e cansando – muito mais do que deveriam. É o caso dos personagens Áurea, Esculápio e até mesmo da Cortadeira.

Porém, apesar de todos os pesares, Malasartes e o Duelo com a Morte é um filme que impressiona por sua criação espacial e até mesmo pelo resgate que tenta realizar, ao trazer de volta às telas um personagem tão querido, mas que era ainda desconhecido das novas gerações. Só o fato de terem a oportunidade de conhecer o humor ingênuo e completamente diferente do realizado hoje em dia já é algo a ser comemorado.

Há ainda toda a admiração causada pelo visual criado para construir o reino da Morte, tanto em detalhes mais artesanais, como toda a direção de arte e figurinos, como nos ótimos efeitos visuais – embora aqui ainda haja alguns problemas facilmente perceptíveis de resolução gráfica e distorção, mas que podem ser facilmente ignorados.

Assim, Malasartes e o Duelo com a Morte poderia ter sido um longa muito melhor se se atentasse para os excessos na ilha de edição e, ainda lá, conseguisse estabelecer um ritmos mais fluido e natural, mas não deixa de ser um filme interessante, que vai conseguir colocar alguns sorrisos no rosto de quem o assiste e vai cumprir seu objetivo primeiro de divertir aqueles que pagaram o ingresso.

Um Grande Momento:
A primeira adivinhação.

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