Malta con Huevo

(Malta con huevo, CHL, 2007)

Vladimir (Diego Muñoz) se encrenca depois de uma ressaca e é obrigado a se mudar para o próprio carro. Ele vê sua vida mudar quando reencontra Jorge (Nicolás Saavedra), amigo de longa data, e se muda com ele para uma nova casa.

Filmes sobre ressacas e bêbados já existem há muito tempo e, quando se aproveitam da comicidade da situação têm a sua graça, sem dúvida. Os primeiros minutos de Malta con Huevos induzem o espectador a pensar que está diante de mais uma história do gênero, mas as coisas acabam bem diferente do que se espera.

Os elementos básicos estão ali. Em detalhe vemos um personagem preparando uma batida bem conhecida dos ressaqueiros de plantão e que dá nome ao filme: cerveja preta e ovo cru batidos no liquidificador; um homem ziguezagueia o seu carro pela rua, estaciona-o de qualquer jeito e sai cambaleando até um apartamento; o despejo acontece em meio a uma ressaca inacreditável.

Além da parte divertida e alcóolica, a diferença entre os dois amigos, um bem certinho e outro um “porra louca”, faz com que escolhamos o nosso lado na briga particular dos dois e é impossível não ficar com raiva de um deles.

O exagero é a principal característica do filme. Imagens sempre rápidas e coloridas, direção de arte que apela para padrões exagerados (detalhe para o excelente quarto de Fedora), trilha sonora divertida, estereótipos e interpretações puxadas vão construindo uma comédia diferente de tudo que já vimos. Quando a trama se revela, porém, tudo aquilo faz tanto sentido que não poderia ter sido diferente.

As quebras das expectativas do público acontecem o tempo todo. Os acontecimentos esperados não ocorrem, passado e futuro se misturam, pontos de vista são embaralhados em uma mesma situação, o que vemos não é exatamente que temos que ver e o filme vai se construindo muito mais interessante do que uma comédia sobre bebedeiras.

A troca de protagonistas, apesar de lançar mão do batido rewind, é muito interessante e a sensação de ter sido completamente enganado e manipulado pela história faz o título ganhar um destaque especial.

A repetição de alguns momentos e o fim que não acontece quando desejado pode incomodar a alguns, assim como o passeio por gêneros que vão do documentário narrado, com imagens e fotos reais, ao puro terror trash, que homenageia um suposto filme sobre “a assassina da linha branca”, que usava eletrodomésticos para matar suas vítimas.

Com cara de batida de liquidificador e ares de um sonho de bêbado, o filme consegue brincar com o fato de que sempre se vê aquilo que querem que vejam.

Garantia de boas risadas.

Um Grande Momento

A maldição.

Comédia
Direção: Cristobal Valderrama
Elenco: Nicolá Saavedra, Diego Muñoz, Mariana Derderián, Manuela Martelli, Javiera Díaz de Valdés, Patricio Diaz
Roteiro: Carlos Labbe, Cristobal Valderrama
Duração: 88 min.
Minha nota: 7/10

[Festival de Cinema Chileno 2009]

Sair da versão mobile