Maria do Mar

(Maria do Mar, POR, 2015)
Ficção
Direção: João Rosas
Elenco: Francisco Melo, Mariana Gaivão, Miguel Carmo, André G. Pinto, Paola Giufridda, Maria Canelhas, Luís Araújo, Miguel Plantier
Roteiro: João Rosas
Duração: 30 min.
Nota: 8

A descrição de Maria do Mar ao amigo interessado, como um produto enlatado qualquer que se compra no mercado, já abre o curta-metragem que tem o mesmo nome da moça fazendo graça do machismo ainda imperante na nossa sociedade. A posição, muito bem demarcada depois com a leitura de um poema antigo, segue até o final do filme.

Não que seja um manifesto pelo direito das mulheres e pelo reconhecimento de igualdade e merecimento de respeito, mas o curta faz um jogo muito interessante de contrapor antigas tradições machistas, como as receitas de conquista do avô ou história do torteline, a uma segurança no posicionamento das mulheres que antes não existia, como a conversa com o adolescente ou a chamada que este toma na janela.

O adolescente é Nicolau, e é em sua descoberta do amor e do desejo que o filme está focado. Tanto que Maria do Mar é um objeto quase desconhecido dos espectadores, mas se destaca na cabeça daquele menino de 14 anos que parece conviver demais com adultos e está bem perdido com tantos hormônios, conselhos e situações que encontra no grupo de amigos do irmão mais velho.

Dirigido por João Flores, Maria do Mar segue bem de perto as características do novo cinema português de ficção, principalmente aquele produzido pela O Som e a Fúria, que aqui entra como coprodutora junto com a também portuguesa Terra Treme. A leveza nas filmagens, o informalidade nas atuações e o passeio entre narrativas trazem frescor ao filme.

Há ainda a graça espontânea, seja nas conversas cotidianas entre os personagens, que já ouvimos fora das telas dezenas de vezes, ou na divertida referência à um ícone dos anos 80 que chega sem aviso.

Jovial e bem resolvido nas atuações, na duração – que apesar de longa, não se nota – e nas atuações, Maria do Mar é um filme leve e divertido, que consegue passar uma mensagem muito mais forte e consistente do que filmes que falam sobre o mesmo tema de um jeito grave e incisivo.

Um Grande Momento:
Fantasia.

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