Suspense
Direção: Michael M. Scott
Elenco: Camila Mendes, Jessie T. Usher, Sean Owen Roberts, Trevor Lerner, Elliott Gould, Cam Gigandet, Sasha Alexander, Jamie Chung
Roteiro: David Golden
Duração: 96 min.
Nota: 3
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O suspense, de maneira geral, é um gênero que aposta bastante nas reviravoltas, mas não são todos os roteiristas e diretores que sabem manipular bem esses elementos. Às vezes falta algo, às vezes é o exagero que complica a trama do filme, como no caso de Mentiras Perigosas, disponível na Netflix, e que conta a história de uma jovem cuidadora de idosos que inesperadamente recebe uma herança.
Entretenimento fácil, como aqueles hambúrgueres super processados que já chegam digeridos ao estômago, o longa dirigido por Michael Scott, especialista em telefilmes de Natal, até serve para esses dias de confinamento e péssimas notícias que nos fazem ter vontade de algo que não nos faça pensar muito, mas não resiste à mínima tentativa de análise.
A trama até começa bem, com uma determinação de personalidades sutil: a menina trabalhadora e o seu marido encostado. Não precisam muitas cenas para que isso seja completamente compreendido, mas o comedimento não dura e o cuidado para a apresentação de tudo que vem a seguir desaparece. Protagonizado por Camila Mendes, a Veronica de Riverdale, o filme começa a se atropelar para fazer caber tudo aquilo que estava por vir.
O roteiro de David Golden (O Vigilante), embora siga uma estrutura básica de personagens, comum ao gênero de suspense policial, aposta numa trama que tenta ser complexa, com várias pontas que tentam se unir em uma mesma história. Se a tentativa de ser genial na elaboração da trama é evidente, assim também o são os muitos buracos em algo tão exagerado. Ninguém sabe como as pessoas chegam a suas conclusões e ações elementares são ignoradas para não atrapalhar que outras aconteçam. Uma bagunça onde a sucessão de revelações e as consequentes reviravoltas não fazem muito sentido e não encontram a resolução necessária.
Se os métodos para despertar a tensão são ineficazes, não há muito mais a se fazer com o thriller e isso se complica por não encontrar qualquer empolgação na direção preguiçosa, que não faz qualquer questão de esconder a pegada televisiva – da pior qualidade – que apresenta, não se preocupa com a elaboração estética e nem tem pulso com as atuações. Dá pena ver Elliott Gould (Contágio) perdido no meio daquilo tudo.
E assim, Mentiras Perigosas chega à sua milionésima reviravolta sem ter empolgado ou conquistado em nenhuma delas, mas também, graças ao momento atual, não expulsando ninguém da frente da televisão. Não chega a ser um insulto, mas é tão descartável que vai sumir da cabeça num piscar de olhos.
Um Grande Momento:
Não há.