(Meu Pé de Laranja Lima, BRA, 2010)
Drama
Direção: Marcos Bernstein
Elenco: João Guilherme Ávila, José de Abreu, Caco Ciocler, Eduardo Dascar, Fernanda Vianna, Emiliano Queiroz, Tino Gomes
Roteiro: José Mauro de Vasconcelos (romance), Marcos ernstein, Melanie Dimantas
Duração: 97 min.
Nota: 5
O problema de ver nas telas um livro que faz parte da vida da gente desde a infância é que a expectativa é sempre muito grande e dificilmente será superada. Leitura obrigatória durante muitos anos nas escolas brasileiras, “Meu Pé de Laranja Lima” foi publicado em 1968. Escrito por José Mauro de Vasconcelos, conta a história de Zezé, um menino levado que usa sua imaginação para tentar superar as dificuldades de sua vida, que não são poucas.
Além da pobreza, do pai desempregado que passa os dias bebendo, da mãe que trabalha longe e do tio doente, Zezé sofre por achar que não tem um lugar no mundo. Isolado dos colegas da mesma idade e até dos próprios irmãos, que não conseguem compreendê-lo, ele passa os dias criando histórias para o irmão caçula e desabafando com o pé de laranja lima do título.
O diretor Marcos Bernstein, que também escreveu o roteiro ao lado de Melanie Dimantas, consegue captar bem o espírito do romance e transparece no longa o seu amor e dedicação pela obra e faz qtão construir uma sinfonia visual à altura de todo esse sentimento. Mas acaba exagerando.
Com uma profusão de belas imagens, fotografadas pelo competente Gustavo Hadba, o público até consegue relembrar as sensações da leitura no passado, mas o sentimento oscila, sumindo e aparecendo com o desenrolar da trama. Tudo porque o filme resta fragmentado demais e não consegue solucionar todas as conexões que precisam ser feitas para construir sua história.
A escolha da trilha sonora, assinada pelo israelense Armand Amar, também não é a mais acertada. Tão exagerada quanto, além de sobrar, segue uma péssima tendência do cinema atual: a de tentar manipular o sentimento do público, enfraquecendo a narrativa ao deixar a impressão de que ela não é suficiente para falar por si.
Entre os pontos positivos estão a direção de arte de Bia Juqueira, o som de Beto Ferraz e um bom elenco, com destaque para o carismático e dedicado João Guilherme Ávila, como o jovem Zezé, e José de Abreu, como Portuga, em uma atuação irretocável. Os dois juntos conseguem criar os momentos mais emocionantes do filme.
Ao final da projeção, sobra um certa frustração por não ter conseguido ver na tela tudo que se esperava, mas por aqueles poucos lampejos da obra que conseguiram ser alcançados, sobra também uma certa nostalgia. Insuficiente, mas ainda assim é uma experiência bonita.
Um Grande Momento
“Vim aqui para me despedir de você.”
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