Ninfomaníaca – Volume I

(Nymphomaniac, DNK/ALE/FRA/BEL/GBR, 2013)

Drama
Direção: Lars von Trier
Elenco: Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Stacy Martin, Shia LaBeouf, Christian Slater, Jamie Bell, Uma Thurman, Sophie Kennedy Clark, Connie Nielsen
Roteiro: Lars von Trier
Duração: 118 min.
Nota: 8

Perturbador. Não existe palavra melhor para definir o primeiro volume do novo filme de Lars von Trier, Ninfomaníaca. O diretor dinamarquês não abandona, por um segundo sequer, a intenção de causar angústia naqueles que assistem à história de Joe.

Após uma sequência inicial interessantíssima, a mulher cujo transtorno sexual dá nome ao filme é apresentada ao público. Ela acabara de ser resgatada por Seligman, um senhor solitário que a estimula a contar sua história de vida e tenta entender porque alguém pode se ver de forma tão negativa.

Lars von Trier vai construindo sua história de maneira curiosa. As experiências sexuais de Joe são contadas desde seus primeiros anos, com a descoberta do auto prazer, até à maturidade. A maneira não poderia ser mais atípica. As cenas de sexo representadas por Stacy Martin, a jovem Joe, são narradas de forma calma e inalterada por sua versão mais velha, vivida por Charlotte Gainsbourg. O contraste é incrementado pelas constantes intromissões do Seligman de Stellan Skarsgård, num ritmo completamente diverso e, por vezes, aleatório.

As tão comentadas e polemizadas cenas de sexo explícito são, no final das contas, o que menos impressiona nesse primeiro volume.  Há, sim, sexo por todo lado, mas não é isso que dá sentido ao filme. A sensação de vazio e não aceitação que persegue a personagem e o jogo de comparações travado com o seu ouvinte, que quebra a narrativa completamente, são muito mais fortes e perturbadores.

De um lado, Joe revela e condena todo seu hedonismo, ressaltando a angústia que toda sua promiscuidade traz. De outro, Seligman vai demonstrando, com suas comparações, que tudo aquilo está adequado a representações de perfeição absoluta, como a harmonia perfeita de Bach. Há uma ordem precisa e extrema em tudo aquilo que parece tão desequilibrado.

Selig, como ouvinte desconhecido ou psicólogo ocasional, referencia tudo. De pesca com mosca à proporção de Fibonacci. Como adequar tudo isso ao jogo de sedução travado pelas amigas que disputam o número de homens levados ao banheiro do trem ou à uma perda da virgindade fria e dura? O diretor e também roteirista do filme consegue.

Claro que von Trier exagera em vários momentos e pesa a mão em situações que estão ali com a única intenção de provocar mais desconforto, ainda que não sejam realmente necessárias para o filme. A sensação, porém, é rara ao longo do filme.

O fato é que o diretor dinamarquês chega lá, pelo menos por enquanto. Não só faz pensar como dá de presente ao espectador um nó na boca do estômago que demora a se dissipar.

Fica a espera pela segunda parte do filme, prevista para chegar aos cinemas em março. Após essa degustação e com as cenas nos créditos finais, já se sabe que vem muito mais angústia e perturbação por aí.

Um Grande Momento:
Sra. H.

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ldML-3p0WUg[/youtube]

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