Ah, como é bom esse mundo dos festivais! Um dia, quando já não precisar mais bater o ponto diariamente e tiver dinheiro para viver sem me preocupar, vou fazer questão de ocupar todos os meus dias viajando pra cá e pra lá conferindo os festivais do mundo todo. Sonho distante ainda, o jeito é me virar e aproveitar as férias e os finais de semana para participar de eventos assim.
Foi como consegui passar pelo Festival do Rio. Na edição de 2001, foram doze dias de muitos filmes nacionais e internacionais, mostras especiais e presenças ilustres, seminários, workshops e negociações.
Correndo muito consegui viver, pelo menos, um pouco de tudo isso. Cheguei ao Rio e encontrei uma cidade quente como sempre e um bocado diferente com as muitas obras por causa da Copa do Mundo. Logo na chegada, já dá pra ver que o Festival do Rio também foi afetado pelas obras. Além de tapumes na frente do principal cinema, o Odeon, que deixaram a espera pela sessão mais tumultuada, o armazém-sede mudou de lugar e, apesar de ter uma vista interessante dessa vez, foi para um lugar é bem mais deserto e difícil de chegar do que antes.
Some-se a isso àquela correria de um metrô para o outro, o almoço pessimamente balanceado e feito às pressas na lanchonete mais perto do cinema da vez, as sessões naquele degrau mal-acomodado no andar de cima do Odeon, a espera na porta por uma cadeira vazia nas sessões mais concorridas, as muitas discordâncias com os amigos que viram o filme com você, as trocas de opção na última hora, as frustrações na fuga porque o diretor do filme resolveu sentar perto de você e todas as outras coisas que dão aos festivais um gostinho muito especial e, incrivelmente, bom.
E, de um jeito estranho, toda essa loucura faz a gente ficar pensando na próxima edição e querendo estar em todos os outros. Sem falar que é sempre bom rever os amigos, conhecer gente legal e conversar/aprender muito sobre cinema.
Se voltar ao festival foi ótimo, o mesmo não posso dizer dos filmes. Minha seleção da seleção não foi a mais sortuda de todas. Apesar de acreditar em nomes e em prêmios, acabei vendo mais filmes ruins do que bons, mas fiquei feliz por conseguir assistir ao espanhol Até a Chuva, de Icíar Bollaín. Os longas nacionais conseguiram ficar mais equilibrados, com a boa surpresa de O Palhaço, do Selton Mello. O mesmo não aconteceu com os curtas-metragens, mas ainda assim gostei de Que Queijo Você Quer, de Cíntia Domit Bittar.
Mas não tem obra pré-Copa, nem má escolha que me façam querer outra vida. Que venha o Festival do Rio 2012! Agora o negócio é a Mostra de São Paulo, que começa na próxima quinta-feira.