O Festival de Jazz de Montreux não resistiu a presssão da maquinaria marqueteira e cometeu o erro de divulgar o cartaz do ano Y, um dia depois do término da edição do evento X. Não funcionou. Uma ano depois, o cartaz que não era mais novidade alguma estava isento de qualquer impacto.
O Festival de Cinema de Berlim tem uma equipe rigorossíma ente todos os setores. Marketing, Programação, Imprensa, Venda de ingressos. Tudo muito bem organizado, mas tudo muito sistematizado também. Sem brecha para qualquer flexibilidade, para qualquer coisa que seja parecida com um jogo de cintura.
O timing do cartaz é sempre a mesmo. Há uma divulgação à Imprensa juntamente com os jornalistas credenciados pelo Festival. Na nota oficial eles avisam “.. a partir de 15 de Janeiro o cartaz estará pelas redondezas de onde ocorre o festival e, a partir do fim de janeiro, por toda a cidade, para instigar o clima do festival…” .
Depois da divulgação dos respectivos cartazes, é grande o movimento nas redes socias, debates entre quem gostou e quem não gostou. Dessa vez, um twitteiro perguntou: “por que os cartazes do festival de Berlim ficam mais feios a cada ano?”. No ano passado, o cartaz tinha um imenso B no meio e uma técnica gráfica típica dos anos 20. O do ano anterior, pela comemoração dos 60 anos de história do festival, reservava um verdadeiro desafio, mesmo para ao cinéfilo mais apaixonado: em letras minúsculas foram incluídos todos os filmes da mostra Competição exibidos em 6 décadas. A sensação de felicidade quando finalmente descobri onde se escondiam Central do Brasil e Camille Claudel (meu primeiro filme no festival naquele 1988), é inesquecível.
“O Urso da Berlinale é uma marca com alto teor de reconhecimento e ao mesmo tempo um símbolo de alta empatia. As variaçoes dos ursos da Berlinale no cartaz para 2012 espelham muito bem a ecleticidade e a riqueza de facetas do Festival. Com esse caráter magnético do Urso, vamos esquentar o clima para o evento”, justifica a agência BOROS. Entre os clientes dessa renomada agência de publicidade estão os principais museus estatais da cidade de Berlim, o canal de música “Viva”, canais de TV públicos e privados.
Cinéfilos de plantão podem comprar um cartaz no “Berlinale Shop” dentro do Shopping Center “Arkaden”, o mais movimentado do chamado “novo centro de Berlim”, Potsdamer Platz. Vale lembrar que durante a época do muro, toda a localização atual do Festival, incluindo cinema principal “Berlinale Palast” e adjacências era terreno baldio, altamente minado e controlado permanentemente pelo exército da ex-RDA (República Democrática Alemã).
Não importam realmente as opiniões sobre o cartaz. Se tem Urso de cabeça para baixo, louro, moreno ou o tradicional vermelho. Quando começa o festival, todo o resto é secundário. A pergunta que ocupa de fato, tanto o cinéfilo de plantão quanto o cinéfilo domingueiro é: cadê os filmes?