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O Farol

(The Lighthouse, CAN. EUA, 2019)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Robert Eggers
  • Roteiro: Max Eggers, Robert Eggers
  • Elenco: Willem Dafoe, Robert Pattinson, Valeriia Karaman
  • Duração: 109 minutos

Em seu novo filme, O Farol, o diretor e roteirista Robert Eggers faz pela masculinidade (tóxica) o mesmo que fez pelo feminino (sagrado) em a Bruxa: presta um serviço imagético e terapêutico inesquecível, estiloso e vigoroso.

Ao lado do camaleônico Willem Dafoe – e do polivalente/onipresente produtor Rodrigo Teixeira – Eggers esteve em São Paulo para exibir o filme e conversar com o público sobre o processo criativo e a realização de uma história inspirada em lendas de marinheiros sobre dois faroleiros que gradualmente sucumbem aos feitiços do mar e a loucura de serem machos alfa.

Para narrar lendas do imaginário popular norte-americano, Robert chamou o irmão Max para trabalhar em um roteiro a quatro mãos e o resultado, por mais climático e cheio de sequências inebriantes, fica aquém da lenda de Black Phillip seduzindo as aprendizes de bruxas.

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O dual personagem (magistralmente feito a partir) de Robert Pattinson acaba se sobrepondo, mais denso do que a própria narrativa um tanto londoniana. Porém, O Farol é de fato um salto no escuro da psique adoecida dos homens, um rorschach enigma audiovisual que crava no inconsciente a fúria devoradora e em ondas do Poseidon/Dafoe.

É uma experiência estética dantesca, como uma descida ao abismo dos sete mares com o Prometeus embriagado que só queria foder a sereia, se embriagar na luz demoníaca do farol e ascender antes de escapar para a terra mundana.

Um Grande Momento:
Prometeu vs. Posseidon

Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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