O Lobo Atrás da Porta

(O Lobo Atrás da Porta, BRA, 2013)

Suspense
Direção: Fernando Coimbra
Elenco: Leandra Leal, Milhem Cortaz, Fabiula Nascimento, Antonio Saboia, Tamara Taxman, Juliano Cazarré, Paulo Tiefenthaler, Thalita Carauta, Isabelle Ribas
Roteiro: Fernando Coimbra
Duração: 101 min.
Nota: 7

O seu pior inimigo pode ser aquele de quem se menos desconfia. Em O Lobo Atrás da Porta, a ameaça esteve próxima por tempo demais, sem nunca ter sido notada.

O filme, ganhador do Troféu Rendentor no último Festival do Rio junto com De Menor, é um suspense eficiente que contraria as tendências do atual cinema nacional, que não se arrisca em filmes de gênero e tende a não valorizar aquilo que não seja hermeticamente autoral.

Ao ir buscar a filha pequena na escola, uma mãe descobre que alguém levou a criança para casa antes. O método é simples: alguém liga para a escola dizendo-se mãe da criança e informa que um conhecido irá buscá-la mais cedo. A história relatada pelo filme de Fernando Coimbra é a de Neide Maria Maia Lopes, que ficou conhecida como a Fera da Penha, ao assassinar a filha de quatro anos de seu amante em 1960. Relembra também um acontecimento recente bastante noticiado, onde um menino foi morto pela manicure de sua mãe.

O longa-metragem explora a relação entre o pai da menina, a amante deste e a mãe, misturando elementos e expondo um jogo de sedução, fixação, carência e desespero que, apesar de não ser original e já ter estado nas telonas milhares de vezes, envolve de maneira eficiente o espectador.

A grande qualidade do filme está na construção da história, sufocante e perturbadora. Mérito do bom roteiro, assinado pelo diretor; da fotografia opressiva, mas repleta de belos quadros, de Lula Carvalho, e da trilha sonora pertinente de Ricardo Cutz.

Se tecnicamente tudo direciona para a ansiedade, a atuação de Leandra Leal como a amante e principal suspeita do sequestro da menina vem para dar ainda mais peso ao resultado final. Em meio a interpretações mais pasteurizadas do que as que estamos acostumados a ver de seus parceiros de cena, é ela quem realiza na tela o emaranhado de emoções que conduz o filme.

Outra atuação que merece destaque é a ponta de Thalita Carauta. Embora o papel seja pequeno e de menor relevância, a comediante dá importância a uma personagem que facilmente passaria despercebida e mal seria lembrada após a sessão.

Mesmo que repleto de acertos e qualidades, o filme não resiste a algumas armadilhas de montagem e se entrega ao uso irregular de flashbacks, que nem sempre funcionam como esperado, e aposta em passagens mais explicativas do que seria necessário.

Porém, é um bom thriller, sem nenhuma dúvida. Uma produção comercialmente promissora que sabe como se utilizar de elementos mais pessoais do diretor e chega para mostrar que é possível unir o comercial e o autoral em um produto sem cara de seriado ou telenovela e seja repleto de qualidades.

Vale a pena conferir!

Um Grande Momento:
No meio da estrada.

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