O Sonho de Cassandra

(Cassandra’s Dream, EUA/GBR/FRA, 2007)

Suspense

Direção: Woody Allen

Elenco: Ewan McGregor, Colin Farrell, John Benfield, Clare Higgins, Sally Hawkins, Hayley Atwell, Tom Wilkinson

Roteiro: Woody Allen

Duração: 108 min.

Minha nota: 8/10

Woody Allen é uma das mentes mais agitadas e intrigantes da atualidade. Com sua criatividade regular (todo ano somos presenteados com novos filmes), ele causa polêmica, atiça a nossa curiosidade, agrada os que gostam de seu trabalho e desagrada os que odeiam.

Em sua temporada de filmes fora de Nova York, filmados na Europa, ele tem sido melhor aceito pelo público em geral. Talvez por deixar de lado o humor neurótico ou por simplesmente não ser protagonista em alguns dos filmes (é incrível o número de pessoas que não suportam vê-lo nas telas).

Eu sou daquelas que não só respeita como adora. Conheci o trabalho de Allen ainda nova e, além de acompanhar todos os lançamentos, procuro assistir o máximo de filmes deles que posso. Como saldo final, comigo ele tem um aproveitamento de mais de 90% e só não é 100% porque no meio do caminho havia um Igual a Tudo na Vida.

Ontem foi a vez de assistir O Sonho de Cassandra que não pude conferir nos cinemas. O filme conta a história de dois irmãos muito unidos, Ian e Terry, que têm personalidades completamente diferentes. Ian trabalha no restaurante do pai, é bem ganancioso e finge ser rico para conquistar uma garota. Terry trabalha em uma oficina, é humilde, viciado em jogo e precisa arrumar dinheiro para uma monstruosa dívida contraída em uma mesa de pôquer.

O destino dos dois muda completamente quando um tio rico, dono de muitas clínicas pelo mundo aparece e se proprõe a ajudá-los, desde que os dois façam alguma coisa para ele.

A história é perfeitamente contruída. Com um roteiro cheio de diálogos e a trilha sonora de Philip Glass, que aparece no momento certo, a tensão vai num crescendo e chega exatamente onde o diretor quer que chegue.

O nome O Sonho de Cassandra se refere ao barco comprado pelos irmãos no começo do filme, batizado em homenagem a um cachorro de corridas vencedor que, escolhido por Terry nas apostas, pagou o veleiro.

Ao mesmo tempo, Cassandra é uma personagem famosa da mitologia grega. Ela conseguia ouvir os deuses e prever o futuro, mas por causa de uma maldição, nenhuma pessoa acreditava no que ela dizia. E esta não é a única referência à mitologia grega. Em uma conversa, a namorada de Ian refere-se a Medéia, uma personagem complexa que passeia entre o bem e o mal o tempo todo.

Além da mitologia, mas nunca excluindo os seus significados, o filme tem uma história instigante e segue uma linha narrativa que torna tudo mais crível, mesmo que esteja contando algo quase impossível de acontecer.

Outro ponto alto do filme e que não pode deixar de ser mencionado de jeito nenhum é a atuação dos dois irmãos. Ewan McGregor está irritantemente metido e frio, enquanto Colin Farrell, no melhor papel de sua carreira, vai ao extremo e está perfeito como o perturbado e ingênuo Terry. Nem parece que é o mesmo ator mediano que embarcou na canoa furada Alexandre.

E tudo vai caminhando genialmente como em toda obra de Allen, até que ele surpreende com um final bem adequado à história, mas executado de uma maneira completamente diferente do que estamos esperando ver. A impressão que fica é que estávamos sonhando e alguém, de repente, nos acordou. Assim, antes que o sonho terminasse.

Controverso, não deve agradar a todos os públicos, como Match Point. Eu achei sensacional e indico sem dúvida nenhuma.

Bom para qualquer momento.

Um Grande Momento

A conversa sob a árvore.

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