Gênero
Direção: Bel Bechara, Sandro Serpa
Elenco: Eduardo Acaiabe, Rita Batata, Rodrigo Caetano, Samuel de Assis, Debora Duboc, Robson Emílio, Dagoberto Feliz, Sabrina Greve, Brenda Lígia, Rafael Maia, Leonardo Medeiros, Luiza Mesquita Maia, Juliana Mesquita, Erica Montanheiro, Gilda Nomacce, Samya Pascotto, Cleide Eunice Queiroz, Lucas Wickhaus
Roteiro: Bel Bechara, Sandro Serpa
Duração: 101 min.
Nota: 6
Quão difícil é perder alguém, seja pelo fim de um relacionamento, doença ou uma fatalidade? Pior quando essa perda não deixa rastros. É nesse vazio que os personagens de Onde quer que você esteja tentarão reencontrar seus familiares e amigos, e seguir um novo caminho para suas vidas.
Quinze anos depois da realização do curta de mesmo nome, Leonardo Medeiros e Débora Duboc voltam a contracenar no longa de Bel Bechara e Sandro Serpa, que ampliam a história de 2003. Pouco importa os motivos que levaram aquelas pessoas a partirem ou simplesmente desaparecerem, a atenção é na dor de quem fica. Este é o recorte escolhido pelos diretores, que assinam também o roteiro.
Uma das esperanças dessas pessoas é o programa de rádio “Onde quer que você esteja”, que cede espaço para quem busca algum sinal de vida de seus familiares. São várias as histórias: a garotinha procurando pelo pai, a família procurando pelo filho desaparecido, Lúcia (Débora Duboc) que procura pelo marido sumido há mais de um ano, e Waldir (Leonardo Medeiros) procurando pela esposa. Nesse cenário de perdas, outras relações serão construídas nos bastidores da rádio. Embora outros personagens tenham bom espaço na trama, é a relação de Lúcia e Waldir que toma o protagonismo da narrativa. É de quem teremos mais informações, o que não significa muita coisa, pois, o que importa ao longa é a reação deles, daquele momento em diante.
Essa é a terceira vez que Débora e Leonardo contracenam juntos, tanto como no curta de 2003, quanto em Cabra Cega (2004), os atores demonstram uma grande sintonia, existe poesia no olhar e na forma como se expressam. Existe também verdade em suas atuações, o que contrabalanceia e impede a interpretação exagerada.
Se a história e as atuações principais são o ponto forte do longa, a parte técnica deixa a desejar. Sejam nas atuações periféricas, que perdem qualidade e força; ou nos enquadramento das cenas, que por vezes parecem perder do foco. Contudo, a trilha sonora acrescenta outro ponto positivo. Acompanhada de planos mais longos, faz a cidade de São Paulo parecer outro lugar que não uma megalópole agressiva e inóspita. Noutro momento, a “trilha sonora” pega carona na voz de Débora Duboc, quando sua personagem resume em música a dor da perda. Onde quer que você esteja deve e muito a sua atuação.
No mais, é curioso visitar o cenário da década passada. A ausência de smartphones ou redes sociais num passado recente mostra comportamentos muito mais humanos do que os dos dias atuais. É de se espantar como, nesse cenário, o rádio, a voz e a presença faziam muito mais sentido no convívio social.
Um Grande Momento:
Lúcia canta no estúdio.
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