Paterson

(Paterson, EUA/FRA/ALE, 2016)
Drama
Direção: Jim Jarmusch
Elenco: Adam Driver, Golshifteh Farahani, Nellie, Rizwan Manji, Barry Shabaka Henley, Trev Parham, Troy T. Parham, Chasten Harmon
Roteiro: Jim Jarmusch
Duração: 118 min.
Nota: 8

Esta é uma sociedade em que o tempo é um item muito escasso e por isso, valorizado. É fácil encontrar, em revistas ou na internet, publicações a respeito do bom gerenciamento do tempo. A ideia destes escritos, em sua maioria, é ensinar como fazer caber em 24 horas todas as atividades que levariam mais de um dia para serem concluídas.

O protagonista do novo filme de Jarmusch (Amantes Eternos) está na contramão dessa correria vivenciada pela sociedade atual. Morando em uma pacata cidade que leva o mesmo nome que o seu, Paterson é um motorista de ônibus que escreve poesias a partir da observação do cotidiano. Ele divide seus dias com sua esposa Laura e o seu cachorro de estimação Nellie; seus compromissos sociais se restringem a idas a um bar para conversar com o dono do estabelecimento e não sente a menor necessidade de possuir um telefone celular.

O roteiro divide-se entre os dias da semana e foca na rotina do personagem interpretado por Adam Driver (Star Wars – Episódio VII: O Despertar da Força). Paterson pode parecer à primeira vista um sujeito simples, sem muitas ambições, principalmente quando comparado a Laura que tem aspirações de fama e sucesso. Porém, essa aparente simplicidade é uma demonstração da sua sabedoria em viver o agora, sentindo e traduzindo em poesias a beleza dos dias comuns.

O diretor Jim Jarmusch não poupa no lirismo. A cada dia da semana, mesmo com passagens cotidianas, o espectador é tocado com um fato, um diálogo ou alguma situação, sendo levado a refletir sobre momentos que costumeiramente passam batidos pela maioria das pessoas, mas que, através dos olhos de Paterson, ganham significado. Para isso, não faltam metáforas sutis, repetições e cenas de contemplação.

A beleza do roteiro é recompensada com excelentes atuações. Adam Driver encanta ao demonstrar a delicadeza de seu personagem, basta apenas notar a sua expressão corporal para descobrir o que Paterson está sentindo. Mesmo sendo um personagem de gestos discretos, ele consegue manifestar todo amor e paixão que sente por escrever poesias e pela esposa.

Golshifteh Farahani (À Procura de Elly) faz uma interpretação à altura da de seu parceiro de cena. Laura é o oposto de Paterson, fala com eloquência e verbaliza seus desejos, mas, apesar das características quase antagônicas às do marido, ela consegue ter a mesma doçura e poder de cativar dele. Junta-se à dupla, o bulldog Nellie (que interpreta o cão Marvin, mas que na verdade é uma fêmea) e está completa a família mais carismática da cidade de Paterson.

Além do roteiro e das atuações, a produção também se destaca pela fotografia, com destaque para o enquadramento das cenas, e trilha sonora. Todos em harmonia, sem que um se sobressaia ao outro. Aliás, é essa uma das principais mensagens do filme, a valorização do equilíbrio e da simplicidade.

Encantador, Paterson é a prova de que o cotidiano e os momentos triviais podem render uma excelente história.

Um Grande Momento:
A conversa com a jovem poetisa.

Links

IMDb

Sair da versão mobile