(Piadeiros, BRA, 2015)
DocumentárioDireção: Gustavo Rosa de Moura
Duração: 90 min.
Nota: 3
Ao iniciar o documentário Piadeiros, de Gustavo Rosa de Moura (Cildo), conhecemos a intenção do diretor: fazer um road movie da anedota, uma pesquisa itinerante com pessoas comuns que gostam de contar piadas.
Logo na primeira sequência acompanhamos a equipe do filme descendo um rio e gritando aos pescadores quem saberia contar piada, ouvindo sempre a resposta negativa e a afirmação de que mais em baixo, quem sabe, eles encontrariam alguém que soubesse. Logo de saída nos deparamos com um filme que parece despreparado para fazer a sua pesquisa.
O filme percorre as cinco regiões brasileiras. Segundo o diretor, algumas cidades foram escolhidas após uma pesquisa, mas muito pouco se aproveita das paradas pelos os lugares onde passa. Ainda que encontre alguns personagens interessantes e uma ou outra piada bem contada, não existe nada realmente concreto em Piadeiros e a impressão que fica é a de um projeto que não conseguiu se realizar.
Depois de voltar à casa de pessoas que foram indicadas por moradores da região como possíveis piadeiros sem encontrar ninguém; de piadas contadas com a tela preta; de personagens que não conseguem agradar quando contam suas anedotas, talvez até pela timidez diante da câmera; de uma parada surpresa na casa de um conhecido da produção porque o esperado em outra cidade não se concretiza, e de uma viagem mal aproveitada a Portugal, o espectador já está completamente desligado do filme e o que salta aos olhos é a falta de cuidado com a pré-produção.
No meio do caminho, Rosa de Moura ainda consegue fazer algumas intervenções positivas, como a percepção de que hoje em dia já não se contam mais tantas piadas racistas, pelo menos diante da câmera, embora o número de piadas machistas e homofóbicas ainda seja grande; ou fato de existirem poucas participações femininas entre os contadores de piadas, mas ainda assim de maneira aleatória, como o resto do filme.
É uma pena que alguém que tenha conseguido viajar tantos quilômetros nesse imenso país que é o Brasil, e até fora dele, não tenha se preparado adequadamente para compor uma pesquisa que seria muito interessante, já que a piada é quase um patrimônio cultural por aqui.
Assim, Piadeiros não consegue cumprir o seu objetivo e nem chegar perto de onde gostaria. Uma atenção maior ao projeto, em sua fase de elaboração, poderia ter mudado tudo isso.
Um Grande Momento:
Nos créditos finais, o diretor faz uma comparação interessante entre piadas que variam de acordo com o local de nascimento de quem a conta.
Links
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