(Precious: Based on the Novel Push by Sapphire, EUA, 2009)
DramaDireção: Lee Daniels
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Paula Patton, Mariah Carey, Sherri Shepherd, Lenny Kravitz, Stephanie Andujar, Chyna Layne
Roteiro: Sapphire (romance), Geoffrey Fletcher
Duração: 110 min.
Minha nota: 7
Claireece Precious Jones é uma adolescente violentada física, psicológica e sexualmente pelos pais desde que se entende por gente. Aos doze anos teve sua primeira filha, portadora de síndrome de down, depois de sofrer repetidos estupros dentro da própria casa. Aos catorze, está grávida novamente, também de seu pai, e é expulsa da escola por isso.
Se só este resumo é capaz de embrulhar o estômago e dar aquele nó na garganta, imaginem toda a história de vida desta menina, baseada em uma história real, contada em livro escrito por Sapphire e que agora chega às telas de cinema.
O caminho trilhado por Claireece é duro e embora não pareça haver uma luz no fim do túnel, algumas oportunidades surgem para ela. Ao começar a freqüentar a nova escola, alternativa, ela começa a acreditar em si e vê que é muito mais do que aquilo que sua mãe a faz acreditar ser diariamente.
Ao abordar assuntos tão indigestos e, pior, uni-los todos em uma única história de vida, o filme toca em uma ferida que incomoda. Quantas crianças e adolescentes próximas e distantes de você são tratadas dessa mesma maneira em suas casas e escola? E o mais duro é a sensação de passividade, o não se fazer nada para evitar que algo assim aconteça.
O desfile de horrores em Preciosa piora a nossa noção de incompetência e inércia e está longe de ser uma experiência fácil. O diretor Lee Daniels sabe disso e tenta amenizar o sentimento mesclando as cenas de agressão aos delírios de uma vida melhor da menina. De certa forma, com a montagem de Joe Klotz, as imagens oníricas da menina funcionam e incentivam a permanência no cinema. Ninguém gosta daquilo que está vendo, mas graças a esses respiros consegue ficar até o final da exibição.
Além dos bons argumento e roteiro, assinado por Geoffrey Fletcher, o elenco é um grande acerto. Preciosa é vivida por Gabourey Sidibe e é impressionante como ela consegue estar diferente em seus dois mundos, o imaginário e o real. A falta de expressão de seu dia-a-dia contrasta com sua satisfação e felicidade em seus sonhos.
Mo’Nique dá vida à mãe e constrói uma personagem intragável, daquelas que não conseguem despertar nenhum tipo de sentimento positivo, nem quando tenta se justificar em uma cena perturbadora e angustiante.
No elenco coadjuvante nomes inusitados como Lenny Kravitz e Mariah Carey que, de tão desprovidos de qualquer arrogância e glamour, estão irreconhecíveis como um enfermeiro gente boa e uma assistente social.
Ainda que tenha alguns deslizes e apele para clichês de títulos do gênero, o filme consegue transmitir exatamente tudo aquilo que queria e o que representa a vida de Claireece para a sociedade, que prefere não a olhar para não ver.
Daqueles filmes que deixam um gosto amargo e são difíceis de esquecer.
Um Grande Momento
A conversa entre mãe, filha e assistente social.
Melhor Atriz Coadjuvante (Mo’Nique), Melhor Roteiro Adaptado
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