Riocorrente

(Riocorrente, BRA, 2013)

Drama
Direção: Paulo Sacramento
Elenco: Lee Taylor, Simone Iliescu, Roberto Audio e Vinícius dos Anjos
Roteiro: Paulo Sacramento
Duração: 79 min.
Nota: 8

O mundo moderno, ultra conectado, trouxe com ele a desumanização dos seres, que passam apenas a reagir a eventos sem compreendê-los, que desaprendem como relacionar-se e levam suas vidas em universos particulares, sem espaço para outras preocupações além de sua individualidade.

Se toda a raça humana caminha para essa realidade no mundo inteiro, alguns lugares podem dizer que já chegaram lá. É o caso de São Paulo, capital cultural do país, centro econômico do Brasil. Gigantesca e desarticulada, a cidade parece estar perdida em si mesma e, ao mesmo tempo em que se desenvolve em questões específicas, involui nas relações humanas e na própria humanização.

É essa realidade melancólica e quase desesperançosa que se percebe em Riocorrente. Ainda que mais forte e identificável aos paulistanos e àqueles que conhecem a cidade mais profundamente, a realidade retratada não se restringe a um único local, é universal e, reservados os regionalismos e a intensidade, ocorre em qualquer lugar onde haja interação social.

Paulo Sacramento personaliza sua história com a relação entre quatro personagens completamente diferentes entre si: Renata, Marcelo, Carlos e o jovem Exú. A busca desenfreada por prazer; o arrependimento e a intensidade de sentimentos; a rotina maçante e pouco interessante; e a revolta ganham rostos e particularidades.

A opção do diretor vai além de contar uma história, ele quer transmiti-la de maneira sensorial. Como se a narrativa dependesse das emoções. Todas as sequências têm como objetivo despertar algum sentimento no espectador. A intenção pode parecer estranha à primeira vista, mas durante o filme se mostra extremamente eficiente.

Nada como usar sensações e emoções para falar da inabilidade em lidar com elas ou na sua insignificância no cotidiano do homem moderno. A execução da ideia é progressiva e instigante, chegando ao ápice no frenético e desesperado trecho final, que chega com um soco na boca do estômago.

O filme ainda conta com uma inspirada fotografia do saudoso Aloysio Raulino, em seu último trabalho de ficção, e um elenco completamente entregue à proposta do diretor. A montagem, assinada por Sacramento e Idê Lacreta é fundamental para o despertar de todos os sentimentos esperados.

Efetivamente perturbador. Imperdível.

Um Grande Momento:
No carro.

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